Os Pequenos Vestígios é um thriller policial que estreou dia 16 de julho na HBO Max. Conta com Denzel Washignton, Rami Malek e Jared Leto no elenco, possuiu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante (Jared Leto) e foi dirigido por John Lee Hancock (Um Sonho Impossível, 2009).
Enredo
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Em uma atmosfera anos 90, Denzel Washington interpreta Joe “Deke” Deacon, um policial do condado de Kern, que foi enviado à Los Angeles para coletar algumas provas de um caso. Chegando na Homicídios, Deke é tido como um mito por lá e acaba se envolvendo em uma investigação do detetive novato Jim Baxter (Rami Malek), que interessado pelos instintos do veterano policial, o convida para participar da caçada à um serial killer, tendo o egocêntrico Albert Sparma (Jared Leto) como um dos suspeitos. Essa investigação trará fantasmas do passado de Deke.
Atmosfera anos 90
A fotografia esverdeada, os componentes do cenário e a trilha sonora (Thomas Newman), se encarregam de trazer a atmosfera dos anos 90, parecendo beber da fórmulas de thrillers policiais como Seven – Os sete crime capitais e O Colecionador de Ossos. Apesar da nostalgia ser realmente invocada, ainda mais quando se mistura Denzel Washignton (que atuou em O Colecionador de Ossos e é comumente visto em papéis de policiais), tensão, carros modelo anos 90 e músicas como My Guy (Mary Wells), At Last (Etta James) e Roam (The B-52’s) – um prato cheio para amantes de Mindhunter -, o enredo não utiliza desses recursos com perspicácia.
Tensão sem sal
Há tensão desde a primeira cena, aguçada pelos flashbacks de Deke como detetive em Los Angeles. A expectativa de que algo está prestes a acontecer atormenta o telespectador, com plot twists que prometem para um filme de investigação, mas com uma elucidação que não atende às expectativas.
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Por mais que tenha a complexidade da rotina dos detetives, os personagens são pouco explorados, resultando em um desenvolvimento mínimo de empatia para os telespectadores. As mudanças e transtornos apresentados pelos policiais se tornam vagos e os flashbacks que deveriam ajudar no entendimento de todo o tormento, apenas aguçam a curiosidade e decepcionam no final.
Os Pequenos Vestígios tem todos os elementos certos, mas um roteiro com furos que deixa o longa cansativo, às vezes confuso, e ao findar resta apenas um gostinho de “só isso? Preciso de mais”. Apenas um esboço dos thrillers dos anos 90.
Veredito
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Os Pequenos Vestígios tinha tudo para funcionar: um elenco de peso e uma atmosfera nostálgica, mas o roteiro de 1997 de Hancock deixou a desejar e transformou o thriller policial em um drama psicológico. Denzel parece carregar o filme nas costas e as cenas de interação entre ele e Leto são espetaculares, mas o enredo não deu espaço suficiente para os atores, deixando Leto caricato, Malek sem grandes momentos e Denzel como qualquer policial já interpretado por ele.
A questão da violência policial não foi pensada antes de ser entregue no longa e as personagens femininas não fazem diferença na trama.
Há tensão, estética vintage, duo de policiais e perseguição, todos elementos interessantes, mas o longa foge do espectro de investigação de crime serial e se prende ao drama psicológico e à complexidade da rotina de detetives.
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