Lançado hoje (08) para Nintendo Switch e PC, Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo é uma visual novel com foco em histórias de terror e investigação.

Escrito e dirigido por Takaya Ishiyama (Final Fantasy XII: Revenant Wing), Paranormasight acompanha uma série de personagens que acabam envolvidos em uma trama de fantasmas, maldições, segredos e mortes no Japão do final do século XX.

A convite da Square Enix, O Megascópio teve a oportunidade de jogar o título na íntegra. O texto abaixo conterá alguns elementos da história do jogo, mas caso você tenha interesse em saber mais sobre o jogo sem nenhum spoilers, o Mega também produziu um texto de primeiras impressões do game sem abordar sua narrativa, que você pode conferir abaixo:

*Aviso – Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo contém cenas de violência, derramamento de sangue e discussão de temas como suicídio, e não é recomendado para todos os públicos

Uma pequena recapitulação

The Seven Mysteries of Honjo é uma visual novel com grande foco em investigação e interação entre personagens, permeada por elementos de suspense e terror. O game se passa no Japão da Era Showa (final do século XX), especificamente na região de Sumida, em Tóquio: aqui acompanhamos Shogo Okiie, um funcionário de escritório que decide partir para um passeio no meio da noite para encontrar sua amiga, Yoko Fukunaga.

Yoko deseja investigar uma história de fantasma local que é muito conhecida na região – Os Sete Mistérios de Honjo, uma série de histórias de terror que, dizem as lendas, aconteceram ao longo da região. Essas histórias estão ligadas ao Rito da Ressurreição, que seria capaz de trazer qualquer pessoa de volta à vida

Quando descobre que essas histórias são reais e algo terrível acontece com Yoko, Shogo é apresentado às Maldições, que são capazes de matar qualquer um de uma forma relacionada ao mistério ligado à ela e são representadas por diferentes pedras. Essas pedras são a chave para dar início o Rito, e agora são o principal objetivo de Shogo.

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo
Reprodução: Square Enix

Um cenário que não é exatamente o que parece

Em uma olhada rápida, é fácil categorizar Paranormasight como mais uma visual novel genérica que se apoia apenas em sustos para ser interessante: o gênero possui vários títulos que se encaixam perfeitamente nessa descrição e o primeiro capítulo do jogo reforça bem essa ideia, apresentando e acompanhando personagens como Shogo e Yoko sem exatamente se aprofundar em nenhum deles.

Elementos como as maldições, as histórias dos sete mistérios de Honjo e o Rito de Ressurreição também são introduzidos aqui, novamente sem uma conexão que transmita importância para o jogador, fazendo uso só da construção de suspense e uma ou outra cena assustadora para manter a narrativa em movimento.

Mas é importante que fique claro: Paranormasight não é só outra visual novel de terror. Ao finalizar a primeira parte da história de uma forma no mínimo inesperada, deixando de lado o até então protagonista Shogo, o jogo abre seu leque de possibilidades e passa a explorar com mais calma cada história do seu verdadeiro trio de protagonistas, conectando-os de forma sutil mas inteligente.

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo
Reprodução: Square Enix

Estilo de narrativa e o encaixe da investigação

O final do primeiro capítulo introduz o verdadeiro estilo de narrativa do jogo, que se apoia em múltiplas linhas de pontos de vista, mostrando como cada personagem tem seu lugar na história e quais são suas motivações e sentimentos. É importante reforçar essa forma de passar a história pois ela é fundamental para a principal mecânica do jogo: a investigação.

Vale dizer que Paranormasight não trabalha investigação da mesma forma que outros títulos como Ace Attorney – o game permite que o jogador refaça cada um dos cenários e reveja cada um dos acontecimentos de forma indefinida para que seja possível descobrir novas informações.

A ideia é que o jogador e os personagens são entidades diferentes, que sabem coisas diferentes. Isso fica claro, por exemplo, na forma como essas informações descobertas ao longo do jogo ficam armazenadas no menu, mesmo que o jogador troque de personagem e decida ver outras linhas narrativas. Elas podem serem utilizadas para fazer ou responder perguntas de outras pessoas, ou mesmo para tomar atitudes que os próprios personagens não entendem.

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo
Reprodução: Square Enix

Mecânicas e interações

Além de reunir informações, a principal atividade dos jogadores em Paranormasight é conversar com cada personagem. É importante explorar todas as opções de diálogo para entender cada pessoa que está envolvida com as maldições e com o Rito, assim como para saber quais passos outros personagens precisarão tomar para dar prosseguimento à histórias.

Também é possível explorar os cenários ao clicar em cada ponto de interesse: muitas vezes essas ações apenas mostram algum pensamento aleatório do personagem em relação ao que ele está vendo, porém, é importante não deixar passar nada pois nunca se sabe quais tipos de informações estão escondidas em Sumida.

O ponto mais interessante no quesito gameplay, porém, é a possibilidade de interferência do jogador com as interações entre os personagens – por exemplo, alterar o volume da voz dos personagens nas configurações do jogo interfere em uma maldição que usa o som para matar as pessoas, tornando-a inútil. Ninguém dentro daquele universo entende o que acontece quando o jogador realiza essa ação, reforçando a separação entre você e os personagens.

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo
Reprodução: Square Enix

Veredito

Paranormasight é uma surpresa bem-vinda: seu ponto forte está nos seus personagens e em como suas histórias se entrelaçam, construindo uma rede de acontecimentos que engajam o jogador a continuar investigando. Sua narrativa que separa o jogador dos habitantes de Sumida permite a criação de uma história em diferentes níveis, criando diferentes mistérios envolvendo até mesmo o próprio jogador.

Suas mecânicas são simples e exigem apenas atenção e paciência para investigar e ler, respeitando o tempo de cada jogador, o que torna o jogo uma escolha interessante para quem não costuma jogar video game seja por falta de prática ou de tempo.

A estética do jogo foi bem construída, se apoiando em um estilo de design que lembra um pouco histórias de terror japonesas como as escritas por Junji Ito. Seus personagens expressam muito bem suas emoções, mesmo em artes estáticas, e os cenários – fotos estilizadas da própria região de Sumida – contribuem para a construção da atmosfera de suspense e terror.

Dentre os pontos negativos está, principalmente, a falta de opções de acessibilidade de elementos de imagem, áudio e de customização dos controles, além da falta de localização para português-brasileiro, com apenas inglês e japonês disponíveis para escolha.

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo
Reprodução: Square Enix

Em suma, o veredito inicial dado por nós acabou se provando verdadeiro: Paranormasight realmente é um título que vale a pena conhecer, seja por seus personagens, suas histórias ou sua atmosfera, que são prato cheio para fãs de visual novel ou mesmo para aqueles que estão começando.

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo está disponível para Nintendo Switch e PC via Steam.

*Chave de review para PC cedida por: Square Enix

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
paranormasight-the-seven-mysteries-of-honjo-criticaParanormasight é uma surpresa bem-vinda: seu ponto forte está nos seus personagens e em como suas histórias se entrelaçam, construindo uma rede de acontecimentos que engajam o jogador a continuar investigando. Sua narrativa que separa o jogador dos habitantes de Sumida permite a criação de uma história em diferentes níveis, criando diferentes mistérios envolvendo até mesmo o próprio jogador.