“Rugas” e “A Casa” | Crítica – “Rugas” e “A Casa”, com roteiro e arte de Paco Roca, foram publicadas no Brasil em março de 2021 pela Devir Editora. Ambas as histórias são memoráveis e tratam de temas universais, assim, conversando com diversos públicos. Entre os pontos mais altos das histórias estão suas narrativas envolventes que combinam bem arte, texto e diagramação.
Rugas
Em “Rugas” o leitor acompanha Emílio, um idoso que sofre de Alzheimer e é internado em um asilo para ter os tratamentos necessários. Vivendo uma vida comunitária, ele aprende como viver sua nova realidade e luta para escapar da decadência gradual causada pela doença.
Contando a evolução do Alzheimer de forma linear, a história trabalha bem os sintomas e como é difícil aceitar as limitações impostas. Como um livro que se desfaz com o tempo, as memórias afetadas vão tendo modificações visuais nos quadros que são representados o avanço da doença. Tal forma de representação coloca o leitor no drama de Emílio.
Os personagens que cercam o protagonista também são bem representados, sendo bem elaboradas as formas de contar a evolução da doença de cada um. Esses elementos adicionais aumentam a emoção e apresentam reflexões importantes a serem desenvolvidas. Vale destacar que a diagramação traz uma dinamicidade interessante para os acontecimentos mais banais.
A Casa
Se “Rugas” conta uma a evolução e formas de lidar com uma doença, “A Casa” trata do luto e dos laços entre as pessoas relacionadas com quem partiu. Na história é contado o encontro de três irmãos que retornam para a casa de férias onde passaram sua infância. Acompanhados de suas famílias, a intenção é de limpar o imóvel e coloca-lo a venda. Ao arrumar a casa, velhas feridas são levantadas, memórias são revividas e laços são avaliados.
O roteiro da narrativa é consistente e tem como seu grande trunfo de fazer uma mescla temporal entre passado e presente de forma clara. Isso não se deve somente ao anuncio explícito de uma memória pelas personagens em diálogos em muitos momentos, mas também as cores mais azuladas utilizadas na coloração.
Vale a pena a leitura?
“Rugas” e “A Casa” são histórias no mínimo excelentes, ambas apresentam temas universais e que dificilmente não irão emocionar os leitores. Mesmo abordando temas reflexivos e emocionantes, as narrativas são conduzidas de forma fluida e divertidas. As artes e colorizações de ambas são bem feitas e as diferenças em relação aos traços combinam com as histórias. Entretanto, vale ressaltar a representação da visual do Alzheimer pelos olhos e situações passadas por Emílio. Se vale apena a leitura? Sem dúvida! Esses são quadrinhos que dificilmente alguém falará que não gostou de ler.