Lançado no último dia 14 de outubro de 2022, Scorn é um jogo de terror em primeira pessoa situado em um universo extremamente singular.

O game foi desenvolvido pelo estúdio Ebb Software e distribuído pela Kepler Interactive e tem chamado a atenção por seu design verdadeiramente tenebroso, com cenas perturbadoras permeando a visão do jogador a todo momento.

O Megascópio teve a oportunidade de conferir esse estranho game em primeira mão – acompanhe nossa review abaixo.

*Atenção: essa crítica aborda a descrição de elementos de caráter grotesco e desconfortável, podendo não ser recomendada para todos

A confusão é proposital

O conceito principal do design do jogo é ser lançado em um mundo desconhecido. Suas as cenas iniciais, inclusive, passam a sensação de ser uma espécie de nascimento do personagem controlado pelo jogador.

Estar perdido e confuso faz parte da experiência, e isso é perceptível em algumas escolhas feitas pela desenvolvedora: por exemplo, a tela é completamente tomada pelo próprio jogo, e não há nenhum tipo de interface de interação ou até mesmo um mapa, sendo trabalho total do jogador tentar entender e conhecer os detalhes de cada área de seu mundo aberto. Vale ressaltar também, seguindo a linha da falta de recursos, que o jogo não conta com elementos de acessibilidade detalhados.

Por conta dessa escolha, muitas vezes você irá se perder e precisar ir e voltar para os mesmos lugares (que são extremamente parecidos uns com os outros) até conseguir encontrar algum detalhe que passou despercebido antes para seguir em frente – e isso gera uma frustração enorme, principalmente em um momento onde os jogos tem a tendência a ajudar os jogadores a se encontrar dentro de seus mundos.

Você será completamente jogado nesse lugar estranho e não terá nenhum tipo de ajuda relevante para resolver os quebra-cabeças que estarão em seu caminho e prosseguir com a história do game; definitivamente, não é uma escolha que agradará todo mundo.

Scorn
Reprodução: Ebb Software

A parte em que falamos do esquisito

Mais do que usar a confusão como mecânica de jogo, Scorn usa e abusa de elementos que podemos descrever, no mínimo, como não ortodoxos: todas as estruturas, itens e até mesmo o próprio personagem principal são estranhamente orgânicos mas atuam de um jeito muito mecânico, parecendo verdadeiras máquinas de carne.

Essa escolha de estética fica evidente o tempo inteiro, seja com o jeito que o personagem interage com os objetos, os pegando com as mãos (ao invés de flutuarem no ar, como geralmente acontece com jogo em primeira pessoa), seja com a forma que as máquinas e instrumentos do mundo são manejados usando o próprio corpo do personagem principal.

Os gráficos ajudam a manter a sensação de horror, com um excepcional nível de detalhamento e qualidade por parte da desenvolvedora – porém, particularmente para este que vos escreve, a trilha sonora é o que mais contribui para a construção do grotesco no jogo.

Passando longe de serem música, os sons ambiente usam um estilo parecido com algo sintético que simula sons orgânicos, o que casa muito bem com a questão gráfica de máquinas que parecem feitas de carne – esses sons poderiam muito bem ser descritos como o barulho que os órgãos de um corpo gigante fariam.

Estética, gráficos e trilha sonora trabalham em conjunto de forma muito harmoniosa (se é que dá para chamar assim) para construir e manter a sensação de desconforto o tempo inteiro; novamente, não é uma escolha que agradará todo mundo.

Scorn
Reprodução: Ebb Software

A experiência vale a pena?

Como deixado bem claro ao longo dessa crítica, Scorn definitivamente não é para todo mundo: sua escolha estética grotesca, sua gameplay confusa e sua história no mínimo estranha atendem um nicho muito específico do público. Muita coisa nele parece desnecessária, como elementos de conotação sexual em algumas de suas armas sem um propósito que não seja estético.

Apesar disso, não dá para negar que Scorn é um trabalho ousado: sua proposta não segue o padrão da indústria de jogos, que está acostumada a segurar na mão do jogador e levá-lo pela história de forma confortável e sem grandes empecilhos. O jogo espera paciência e atenção do jogador, algo que não é muito comum e que pode ser uma experiência nova para muitos por aí. O game também está disponível no Game Pass e traduzido para português-brasileiro, o que são outros pontos positivos contando ao seu favor.

Então, no fim, o que fica é uma pergunta: você está disposto a ser exposto a altíssimos níveis de gore, a ficar perdido mais vezes do que vai poder contar, e resolver quebra-cabeças estranhos para tentar entender uma história mais estranha ainda? Se sim, esse definitivamente é o seu jogo. Se não, talvez você deva deixar esse passar.

Scorn
Reprodução: Ebb Software

Scorn está disponível para Xbox Series X|S e PC, também estando no catálogo do Xbox Game Pass.

Key de review para PC cedida por: Theogames

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
scorn-criticaScorn definitivamente não é para todo mundo: sua escolha estética grotesca, sua gameplay confusa e sua história no mínimo estranha atendem um nicho muito específico do público. Apesar disso, não dá para negar que Scorn é um trabalho ousado: sua proposta não segue o padrão da indústria de jogos, que está acostumada a segurar na mão do jogador e levá-lo pela história de forma confortável e sem grandes empecilhos.