Desenvolvido pela Ubisoft Montreal e Ubisoft Chengdu, Scott Pilgrim vs. the World: The Game (que nome extenso) chegou ao PlayStation 3 e Xbox 360, em 2010. Por ter sido comercializado apenas em formato digital e depois ter sido retirado das lojas, muitos não conseguiram a oportunidade de conhecê-lo. Agora, 11 anos depois, ele é relançado para alguns dos consoles atuais do mercado: PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch, PC e Stadia.

Scott Pilgrim é baseado na HQ de mesmo nome, escrita e desenhada por Bryan Lee O’Malley, que conta a história do personagem-título. A HQ foi lançada em seis volumes no exterior. Já no Brasil, foram apenas três edições (com dois volumes em cada). Scott Pilgrim é um canadense de 24 anos de idade que toca numa banda não muito bem-sucedida, a Sex Bob-Omb, não trabalha e divide um apartamento minúsculo com seu amigo Wallace Wells. Resumindo bem a história, em um certo dia, ele conhece Ramona Flowers e se apaixona. Mas para conseguir namorar a mulher dos seus sonhos (literalmente), ele precisa derrotar seus sete ex-namorados (sendo uma namorada) do mal.

Mapa do jogo. À esquerda, a sala onde temos acesso à maravilhosa trilha sonora do jogo

Ramona, a primeira e-girl

O jogo é um beat ‘em up clássico para até quatro jogadores, o que garante diversão por muito tempo. No lançamento original, lá em 2010, o jogo continha DLC, como por exemplo a adição de mais dois personagens: Knives Chau e Wallace Wells. Mas, no relançamento, ele está em sua versão completa, para a alegria de todos.

O jogo é composto por sete fases, onde passamos por cenários e situações mostradas na obra original. Obviamente os chefes de casa fase são os ex-namorados de Ramona: Matthew Patel; Lucas Lee; Todd Ingram; Roxy Richter; os gêmeos Ken e Kyle Katayanagi e, por fim, Gideon Gordon Graves. Para derrotar todos os namorados do mal, temos à disposição: Scott Pilgrim, Knives Chau, Wallace Wells, Stephen Stills, Kim Pine e Nega Scott (Este último, secreto). Cada um com suas habilidades únicas, o que torna o fator replay do jogo muito alto. É satisfatório evoluir todos os personagens ao nível máximo e depois encarar a dificuldade mais alta do jogo, que é desafiante.

Você pode evoluir seu personagem ao comprar itens nas lojas espalhadas pelo jogo.

É tão bom quanto os clássicos

Scott Pilgrim tem todas as características de um bom jogo do estilo: porradaria desenfreada, horas de inimigos, trilha sonora cativante e um desafio um pouco equilibrado. A jogabilidade é excelente e o controle responde a todos os seus comandos com perfeição. E para qualquer saudosista não botar defeito, há várias e várias referências a vários jogos antigos, tais como Mega Man e Mario. 

A curva de progresso do jogo é um dos pontos fracos. Seu personagem começa no nível 1 e, à medida que vai passando de fase, derrotando chefes e comprando itens, sua experiência aumenta e você vai subindo de nível, ficando mais rápido e forte, além de adquirir novas técnicas. Mas, o progresso até você estar minimamente forte para os desafios é lento e travado. Seu personagem começa muito lerdo e sem muitas opções de ataque, e até mesmo os inimigos mais fracos do jogo, os buchas, são resistentes e podem te derrotar com alguma facilidade.

O recomendado aqui, para um bom desafio posterior, é jogar no modo Average Joe (o “fácil”), evoluir seu personagem pelo menos até o nível 7 e depois jogar no Rough & Tough (o “normal”). Você até pode jogar desde o início no “normal” e progredir, mas se prepare para muitas frustrações e repetidas telas de game over.

Ser vegano te faz ter superpoderes

A arte deste jogo é única e incrível, remetendo ao que temos na HQ. Muitos cenários e situações da obra original são fielmente retratados aqui. É claro que os produtores do jogo acrescentaram mais coisas para dar um corpo a mais para o jogo. Mas tudo que tem na HQ, tem aqui, incluindo o subespaço, que no jogo é uma fase bônus para se ganhar moedas e que também serve como passagem secreta. É de fundamental importância na HQ, mas isso fica para outro dia.

O sistema de progresso do jogo é baseado em níveis. Você ganha experiência derrotando inimigos e comprando itens e comida nas lojas espalhadas pelos cenários. Há lojas secretas em algumas fases, contendo itens extremamente raros e que te fazem ficar mais forte. Para se conseguir comprar nas lojas, você precisa de dinheiro, que você obtém derrotando os inimigos. Este sistema não é novo e foi inspirado em River City Ransom (a série Kunio-kun). Assim como na HQ, cada inimigo derrotado libera um pouco de moeda. Os chefes, por sua vez, liberam mais dinheiro, com cada chefe liberando mais ainda à medida em que o jogo avança. Se o Matthew Pattel libera só um punhado de moedas, o último vilão do jogo, Gideon, libera uma grana alta.

Tela de “versus”, pouco antes de enfrentar o chefe da fase.

“Scott está namorando!”

A trilha sonora é um dos pontos fortes do jogo. Composta pela banda Anamanaguchi, os temas lembram muito os de jogos antigos, da época do NES ou SNES, por exemplo. Cada tema é único, e casa perfeitamente com a situação proposta em tela. Recomendo dar uma passada na sala do Sound Test, que fica localizado à esquerda do mapa geral do jogo. É bem ao lado da primeira fase.

Scott Pilgrim vs. the World: The Game é um jogo que vale a pena ser jogado e dominado. A Ubisoft caprichou em tudo, e este jogo, com toda a certeza, faz frente aos clássicos consagrados do gênero, não devendo em absolutamente nada.

Jogo: Cópia comprada pelo redator

REVER GERAL
Jogabilidade
Trilha Sonora
Roteiro
Localização
Direção de Arte
Vladimir Machado
Considera Masami Kurumada o maior ser humano vivo. Graduado em Letras, é revisor e redator.
scott-pilgrim-vs-the-world-the-game-a-volta-de-um-classico-criticaNão devendo em nada aos grandes clássicos do gênero, Scott Pilgrim vs The World: The Game volta em grande estilo para os amantes do gênero. Mesmo tendo um sistema de progressão lento e que por vezes é frustrante, não deixa de ser um excelente jogo.