Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin | Crítica – Final Fantasy Origin se apresenta como um jogo que não tem com uma história densa e diálogo brega, mas isso não é ruim! O jogo co-desenvolvido pela criadora da franquia, Square Enix, e pela divisão da Koei Tecmo, Team Ninja, tem como objetivo trazer uma visão mais “brutal” da série Final Fantasy.
O Caos brega
A história do jogo é movida pela busca dos cristais elementares e pode ser vista como uma espécie de releitura do universo alternativo do Final Fantasy original da Square Enix no NES. Stranger of Paradise está longe de ser um título com carimbo “Final Fantasy”, mas conta com diversas referências a personagens conhecidos como o pirata Bikke, Tiamat e diversos monstros que já são marca registrada da franquia.
Logo no início do game após cairmos de paraquedas em uma cena com o famoso Garland, vemos Jed, Ash e Jack se conhecendo de uma forma bem abrupta no melhor estilo “convenção”, onde as pessoas acabam puxando assunto umas com as outras por terem visto algo em comum, e nesse caso, foi pela vibração dos cristais.
Enquanto todos se encontram desmemoriados, o protagonista Jack, só se recorda que tem uma missão, eliminar o Caos e isso faz com que a party principal comece a criar um elo. Vale ressaltar que apesar de apresentar um potencial, o elo entre os personagens não é bem explorado ou trabalhado – até mesmo pela proposta do jogo.
Os acontecimentos desse jogo acontecem sem profundidade, então se o jogador for esperando uma lore com selo Final Fantasy, talvez se arrependa, mas se você embarcar nessa jornada de forma despretensiosa, logo vai se pegar rindo dos diálogos bregas e do sarcasmo exacerbado de Jack.
Para não falar que o jogo não tem interação, quando o jogador vai para o “World Map” que se apresenta de uma forma super minimalista e de fácil compreendimento, basta clicar no “options” onde é possível ir a Cornelia e usar o “talk”, logo disponibilizando a interação com algumas figurinhas que passaram pela sua jornada ou não.
É claro que um título que carrega o nome da franquia não poderia ter menos do que uma trilha sonora incrível. A música que dessa vez foi composta por Naoshi Mizuta, com contribuições adicionais de Hidenori Iwasaki e Ryo Yamazaki – além da supervisão do lendário Nobuo –, fazem você querer ficar com o jogo aberto em seu console durante horas.
Tipo Soulslike?
A resposta é sim e não! A proposta das empresas para esse jogo sempre foi entregar um Final Fantasy que saísse da “zona de conforto” do sistema de batalha pré-estabelecido pela franquia e pela escolha da Team Ninja, claro que teríamos um pezinho no “soulslike”.
Logo quando o jogador se depara com a zona de treinamento vai perceber que os ataques são voltados para os botões superiores do controle e a exclusão do salto, o que é marca registrada de jogos com pegada “souls”.
Assim como a grande maioria dos JRPGS, Stranger of Paradise não tem um modo acessibilidade, mas por outro lado conta com o “casual mode” que é extremamente fácil, onde os jogadores podem acabar com as batalhas usando cerca de apenas dos botões.
Além de combinar o sistema de Jobs com elementos de Soulslike, o jogo apresenta três modos de dificuldade sendo eles o: casual story, action e hard, ou seja, fácil, normal e difícil respectivamente.
Um ponto para lá de positivo no jogo é que ele conta com uma pluralidade imensa de Jobs e também de equipamentos, além de designs de inimigos que tiram o fôlego de qualquer um. E por falar em inimigos, se você for o jogador que vai encarar o modo “hard”, se prepare porque os inimigos contam com uma barra de quebra de defesa que deixa a luta ainda mais emocionante.
É possível realizar upgrade nas suas armas através do “The Smithy”, mas para isso é necessário que você sempre colete os materiais nos mapas e também desmonte equipamentos passados, o que será essencial para sua jornada no hard.
Por outro lado, os dois outros modos de dificuldade fazem com quem os equipamentos e a estratégia não sejam muito necessários para o combate, então não vá esperando uma grande dificuldade do modo “normal/action”.
Em Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin apesar de você recrutar mais membros para a sua party no decorrer da história, só é possível que ative dois deles durante as dungeons, porém eles podem ter alterados no decorrer da fase nos pontos de salvamento.
Erros e acertos
O ano é 2022 e ainda temos um Final Fantasy novo sendo lançado sem localização em português, pode parecer bobeira exigir isso, mas vale ressaltar que a localização permite que o jogo atinja uma boa parcela do público brasileiro que não entende inglês.
O outro choque que levamos nos primeiros momentos de jogo é a queda de qualidade entre a cutscene e o gameplay – já que as cutscenes sempre ocorrem ao final de cada missão –, o que deixa gritante a performance ruim do jogo. Um outro problema que pode ser grave para alguns é a falta de iluminação mínima nas dungeons, o que pode se tornar uma dor de cabeça em certos mapas com bordas.
Se você cogita jogar esse jogo através do “remote play”, por favor, esqueça essa possibilidade! Por mais que você tenha uma internet poderosa, o jogo fica extremamente instável e com quedas absurdas que não vão permitir que você diferencie detalhes e entradas do mapa.
Um ponto muito positivo que esse Final Fantasy apresenta é o modo coop multiplayer online, onde o jogador a qualquer momento através do “main menu” ou dos pontos de “save” do mapa podem hostear uma sala ou procurar jogadores que estão na mesma dungeon que você, tornando a experiência mais dinâmica.
As missões principais quando completadas liberam as “secundárias” onde os jogadores podem coletar mais itens. Fazer tudo sozinho pode acabar se tornando um pouco cansativo, então jogar com mais alguém no multiplayer torna a missão menos penosa.
Me traga o Caos!
Jack Garland nos convida para embarcar nesse estranho paraíso de uma forma curiosa e despretensiosa, onde vemos um roteiro simplista de Kazushige Nojima acompanhado de um gameplay com uma assinatura da Team Ninja.
Apesar da má otimização e gráficos duvidosos principalmente durante as chuvas, se você está procurando um jogo sem uma proposta ambiciosa, até mesmo para jogar com seus amigos, pode ser uma boa pedida.