Lançado em 10 de março nos cinemas brasileiros, Sword Art Online Progressive: Ária de uma Noite sem Estrelas é uma reimaginação dos acontecimentos da história escrita por Reki Kawahara.
Com roteiro escrito pelo próprio Kawahara, direção de Ayano Kono e produção do estúdio A-1 Pictures, o filme acompanha a jornada de Asuna Yuuki, uma jovem que se vê presa dentro do jogo da morte Sword Art Online.
O filme é baseado na light novel (que também está recebendo adaptação em mangá) Progressive, que conta com mais detalhes – além de também fazer acréscimos – os acontecimentos do arco de Aincrad, parte da primeira temporada do anime. Além dos clássicos Kirito e Asuna, o longa também introduz uma nova personagem relevante para o enredo chamada Mito.
A convite da Funimation, pudemos conferir na íntegra o longa, tanto em sua versão legendada quanto em sua versão dublada – confira abaixo o que achamos do filme.
Um ponto de vista diferente
Ao contrário da adaptação em anime, o protagonista da história não é o espadachim Kirito: Ária de uma Noite sem Estrelas acompanha a jornada de Asuna Yuuki, uma jovem de família importante que é boa em esportes e tem notas excelentes na escola. O início do longa mostra um pouco da vida de Asuna antes do lançamento de SAO, retratando também o seu relacionamento complicado com sua mãe.
Após ser instigada por sua amiga Misumi Tozawa, Asuna decide pegar emprestado o Nerve Gear de seu irmão mais velho para testar o novo VRMMORPG Sword Art Online. Lá dentro, ela encontra sua amiga, que entrou no jogo com a alcunha de Mito, e passa o dia conhecendo um pouco mais de Aincrad.
Quando Akihiko Kayaba, o criador do jogo, aparece nos céus para dizer que morrer lá dentro significa morrer na vida real, passamos a ver a evolução de Asuna, de uma garota que não conhece nada ao seu redor e que não sabe o que fazer, para alguém que está disposta a enfrentar os perigos de Aincrad – tudo isso com a ajuda de Mito.
Esses primeiros acontecimentos não tiveram nenhuma mudança em relação a produção para TV, então o que os tornam interessantes é a troca de ponto de vista: enxergar Sword Art Online pelos olhos de alguém novo ao mundo dos MMORPG e que, ao contrário de Kirito, tem uma vida no mundo real e anseia voltar para lá, dá à história uma nova profundidade que faltava ao enredo focado só no Espadachim Negro.
O paralelo entre Kirito e Mito
Misumi Tozawa, ou Mito, é uma personagem que não fazia parte do elenco original de Sword Art Online, sendo uma nova adição à história. Ela é uma garota extremamente inteligente, com as maiores notas da escola, mas que também gosta muito de jogos e está sempre jogando no celular, em fliperamas ou em casa – apesar disso, ela tem problemas em manter amizades e está sempre sozinha.
Seu papel nesse longa, além de ser uma mentora para Asuna e pivô do plot twist na metade do filme, é também ser um contraponto para a figura que Kirito representa no anime: o espadachim é, essencialmente, alguém recluso e que é focado apenas no jogo a sua frente, e esse também é o caso da nova personagem.
Porém, ao contrário de Kirito, Mito não escolheu ser uma player solo – ou seja, ela optou por apoiar Asuna e ajudá-la a ficar mais forte, mesmo quando ela poderia apenas ter ido embora assim que soube das condições do jogo. Vale lembrar que foi uma decisão que o próprio Kirito tomou na versão para TV, abandonando Klein e partindo para ficar mais forte sozinho.
Além disso, as próprias filosofias dos personagens são opostas: enquanto Kirito acredita, de acordo com as falas do próprio no anime, que o sistema é quem constrói a força dos jogadores, Mito mostra enfaticamente para Asuna que sua capacidade física é capaz de melhorar seus ataques – ou seja, quem você é no mundo real também influencia suas capacidades dentro do jogo.
Apesar de serem personagem que não interagem muito no longa, é interessante notar esses paralelos entre os dois em relação ao universo construído ao redor de Sword Art Online.
Veredito
Em termos técnicos, Ária de uma Noite sem Estrelas não se destaca tanto: suas animações cumprem seu papel mas não impressionam, a trilha sonora não é tão marcante e o enredo, focado em introduzir o mundo de Sword Art Online novamente, não é particularmente interessante. Falando especificamente dos combates, o longa peca muito ao não trabalhar as lutas de forma mais grandiosa – as coreografias das lutas, as animações e os efeitos sempre foram o ponto mais alto das temporadas do anime, e deixar isso de lado foi um grande erro por parte do estúdio.
Considerando o filme por si só, notamos que realmente não é uma produção diferenciada – porém, percebemos qual é o intuito do filme em sua cena pós-crédito: esse longa é o primeiro de uma série de filmes que serão produzidos seguindo a linha da light novel de Progressive. Então, é provável que no futuro, o ar introdutório que a produção teve faça mais sentido.
Um último ponto para ser considerado é que o longa, além de sua versão original com legendas, também está disponível com dublagem em português brasileiro. Com produção da Atma Entretenimento, o trabalho do elenco foi feito de forma excelente: Bruna Nogueira, particularmente, conseguiu exprimir a inocência e a determinação de Asuna perfeitamente. Outro destaque fica para João Vieira, que deu a Kirito um ar mais jovem, com direito ao uso de gírias, que combinam bastante com essa nova versão do personagem.
Para aqueles que gostam de Sword Art Online, particularmente do primeiro arco do anime, Ária de uma Noite sem Estrelas é uma experiência interessante e que nos permite preencher lacunas que o enredo focado só em Kirito deixou para trás. Para novatos, porém, talvez esse não seja o melhor ponto de entrada para a franquia – ao menos, não até haverem mais filmes que continuem a história de Progressive.
Sword Art Online Progressive: Ária de uma Noite sem Estrelas já está em cartaz nos cinemas brasileiros, legendado e dublado em português.
Material para review cedido por: Funimation