Tactics Ogre: Reborn marca o renascimento da joia da coroa do gênero dos rpg táticos com uma trama política densa, uma jogabilidade envolvente e uma trilha sonora épica. É assim que podemos resumir esse retorno triunfal do jogo que veio para acabar o jejum dos fãs sedentos do gênero.
Esse jogo é uma repaginação do título de 1995, Tactics Ogre: Let Us Cling Together, que foi desenvolvido pela Quest Corporation e muito aclamado pela crítica especializada. A trama principal foi escrita pelo lendário Yasumi Matsuno e é inspirada nos conflitos entre a Europa e a Ásia com elementos de fantasia.
A Joia da Coroa
A história se passa nas ilhas Valerianas que são um pequeno aglomerado de ilhas com uma longa história de conflitos internos entre seus três grupos étnicos, os Beckham, Galgastani e Walistes. Na trama vemos que há 50 anos essas ilhas foram unidas sob o rei Dorgalua Oberyth, que reinou durante uma era de prosperidade. No entanto, quando o rei falece repentinamente, Valéria mergulha em uma guerra civil.
O jogo se inicia em Golyat, que é uma cidade portuária na província de Walister sob o controle de Galgastani, onde três jovens Walister se juntam para libertar o seu povo. No jogo assumimos o papel do jovem Denam Pavel e contamos com a companhia de Catiua Pavel, irmã de Denam, e Vyce Bozeck, amigo de infância de ambos.
Em uma trama que é dividida em capítulos com enredos ramificados que podem ser revisitados, é possível perceber que cada rota conta com diversas variações menores onde são acionadas por escolhas de diálogos e também com personagens convidados que são mantidos vivos. Apesar dessas variações, o capítulo final permanece praticamente o mesmo.
Apesar de contar com diversos pontos positivos em seu enredo, Tactics Ogre: Reborn conta apenas com localização em inglês e japonês, o que pode afastar muitas pessoas à primeira vista, já que o charme de seu jogo não está apenas em sua jogabilidade.
Mecânicas Nostálgicas
Tactics Ogre: Reborn carrega consigo o DNA de RPG de mesa medieval onde o jogador conta com uma abundância de mecânicas que vão desde as seleções de classes de seus personagens em sua equipe até vantagens e desvantagens elementais.
Em um primeiro momento esses fatores podem causar espanto e intimidar novos jogadores, mas o ponto positivo é que esses elementos são inseridos de forma orgânica para que o jogador tome gosto pela jogabilidade e comece a se aventurar para montar suas estratégias de batalha.
Tudo nesse jogo pode ser alterado, desde as bênçãos elementais de seus personagens até classes. Apesar de soar cansativo, o ritmo que o jogo impõe faz com que o jogador se veja cada vez mais envolto pela história e motivado a ganhar a guerra a cada batalha. Uma estratégia muito inteligente feita pelos desenvolvedores foi o sistema de level máximo que cada fase estipula, ou seja, não deixando o seu grupo de personagens ultrapassar do level limite o que acaba tornando toda luta um desafio.
Quanto mais o seu grupo de personagens luta junto, mais conexão e afinidade entre eles crescem – e mais medo de perder o personagem também –, originando assim novos golpes que podem virar batalhas a seu favor. Nem tudo é um mar de flores, apesar de ser possível acelerar a velocidade de combate e também acionar o modo automático dos personagens, fazendo com que o computador lute ofensivamente ou defensivamente para você, se algum de seus aliados for morto em combate cabe ao jogador ter que ressuscitá-lo em três rounds para que você não perca o seu companheiro de forma definitiva.
Outro fator que é relevante e que força o jogador a ficar atento ao combate é a distância e o tempo em que você leva durante o seu turno. A distância que uma unidade se move e as ações que ela executa determinam quanto tempo ela deve esperar para se mover novamente.
Assim como em outros jogos, elementos contam com vantagens e desvantagens que podem mudar totalmente o rumo de um combate. O jogo possibilita que o jogador também altere o campo de visão do mapa usando o analógico uma vez que a altura dos terrenos influenciam diretamente no acerto do ataque e também na movimentação dos personagens.
Os elementos táticos como os “cards” também se destacam nas batalhas por estimularem o combate. Eles aparecem aleatoriamente no mapa e podem fornecer bônus de ataques físicos, mágicos, bônus defensivos e mais – e eles já me salvaram muito! E por falar em bônus, todos os combates contam com objetivos que ao final da batalha, se forem cumpridos, o jogador ganha mais experiência e equipamentos.
Uma mecânica interessante que vale ser ressaltada é o “Chariot Tarot” que possibilita que o jogador retorne alguns turnos para refazer algum movimento específico, porém há limite. Apesar do jogo ser um prato cheio para os fãs de rpg de mesa, aficionados por histórias medievais e jogos táticos, o jogo erra ao não evidenciar de forma mais clara quem são os seus oponentes e seus aliados.
Vale uma visita às ilhas Valerianas?
Com facilmente mais de vinte e cinco horas de jogo de campanha principal e mais cerca de vinte horas de conteúdo opcional, Tactics Ogre Reborn é uma joia bem lapidada que brilha em uma era de jogos de Unreal Engine 5. Porém, mesmo sendo um renascimento de um jogo muito rico de mecânicas e enredo, não há inclusão ou pluralidade em seus personagens, mesmo que o custo para fazer isso nesse jogo fosse mínimo.
Vale ressaltar que por ser um jogo de turnos, certamente esse é um título que pode ser jogado facilmente por pessoas PcD, mesmo que não haja um modo específico para isso. Tactics Ogre: Reborn será lançado no dia 11 de novembro para PS4, PS5, PC, e Nintendo Switch.
*Chave para crítica cedida pela Square Enix para PS5