The Batman | Crítica – E lá vamos nós para mais uma nova adaptação do morcego de Gotham, porém dessa vez sem um novo ponto de vista da morte dos pais de Bruce Wayne e isso não é ruim! The Batman dirigido por Matt Reeves faz jus ao título de “maior detetive do mundo” que o Batman carrega.
Como prometido anteriormente pelo diretor, nesse longa é possível ver uma abordagem sobre a psique do homem-morcego e como o seu surgimento como Batman acarreta no surgimento de novos vilões na cidade.
É impossível negar que Reeves bebeu na fonte da HQ ” Retorno do Cavaleiro das Trevas” para trazer essa trama como um dos pilares de filme, mas infelizmente trama essa que não pode ser explorada com seu total esplendor devido a classificação etária.
O que o rato disse quando viu o morcego?
Apesar do filme “The Batman” não adaptar 100% nenhuma história já contada, Matt compra a ideia de apresentar um Batman em seu segundo ano como vigilante de Gotham, e para explorar esse lado ainda inexperiente o diretor se aproveita de tramas com pegadas investigativas -que é possível ver em “Longo Dia das Bruxas” onde o morcegão tem que decifrar uma série de assassinatos que estão atingindo diretamente os chefes da máfia de Gotham -.
Assim como o título em inglês já sugere, The Batman brinca com uma ideia bastante curiosa, já que o “The” não é usado em nomes próprios, pois caracteriza objetos/coisas. É quase como se o título do longa indicasse que o Batman não é totalmente humano e de fato o filme nessas quase três longas horas nos mostra um vigilante que busca utilizar sua força justificavelmente contra um grupo que discrimina violentamente outro, ou seja, a velha retaliação.
O Batman de Robert logo em seus primeiros minutos de cena dá um verdadeiro show de combate, onde as lutas estão incrivelmente bem coreografadas e sua aparição um tanto quanto “tardia” no longa torna a sua primeira cena ainda mais satisfatória.
Uma ação de resposta a um ato de agressão!
Diferentemente dos demais filmes do morcego, Reeves opta por explorar uma trama mais socioeconômico que nos leva as entranhas da podridão de Gotham e como é de se esperar, há dedo da família Wayne -elemento esse que foi adicionado mais recentemente nas HQs-.
Como Gotham cria “filhos do caos”, Selina também não ficou de fora dessa. Me arrisco a dizer que foi a parte da trama mais interessante nesse longa, já que por causa da personagem temos um verdadeiro plot e afinal, Zoe Kravitz exala o femme fatale necessário.
Apesar de Robert Pattinson ter se saído bem na pele do morcegão, já não podemos falar o mesmo como Bruce Wayne, o filho do querido filantropo da Gotham se apresenta como um personagem apático e “desmagnético” e o roteiro tem sua parcela de culpa nisso, mas logo chegaremos lá.
Felizmente nem só de Bruce Wayne o filme sobrevive, nos outros núcleos da trama temos o irreconhecível Collin Farreal na pele de Oz (Pinguim) que deu um espetáculo a parte e Paul Dano como Charada que também não fica para trás.
É impossível falar de Batman sem falar de Alfred, que nesse longa foi vivido pelo inigualável Andy Serkis. Finalmente pudemos presenciar um lado mais humanizado da relação entre Bruce e Alfred, e também a relação de confiança já em curso entre o vigilante e o Comissário Gordon interpretado por Jeffrey Wright.
O potencial inexplorado
Em uma terra onde CGI reina, The Batman veio para mostrar que nem sempre o seu uso -exagerado- é necessário para contar uma trama de super-heróis e apesar de ter com uma fotografia imersiva e carregada de paleta escura, o seu toque noir perde seu charme com as narrações exageradas (em quantidade) de Pattinson – um tanto quanto maçante, até porque são quase três horas de filme -.
Logo no início da trama em uma noite de Halloween a narração do vigilante se fez necessária para contextualizar o que está ocorrendo na cidade e como e porque o “bat-sinal” se tornou sinônimo de pavor para os bandidos.
Porém tudo em excesso faz mal, e talvez devido a classificação etária presente no filme, a trama pareça o tempo todo duvidar da capacidade de compreendimento de seu espectador com incessantes explicações em tópicos já autoexplicativos.
Não há como falar de Charada sem falar em explosões e mortes, certo? Pois o filme de Reeves é claramente censurado a pedido da Warner ocultando o lado mais cruel do personagem com explosões que não machucam ninguém, -e algumas dignas de estalinho de festa junina- temos que agradecer que o Paul conseguiu transparecer o lado maníaco do vilão em seus monólogos. Por conta desse fator o filme perdeu um dos plots que seria mais impactante emocionalmente para trama, o que é uma pena.
Três horas valem a pena?
Se você é muito fã de Batman, a resposta é: sim! O espectadores que vão assistir podem esperar uma trilha sonora a altura do vigilante, muitos roncos de motores -principalmente do Batmóvel que está perfeito- e ter um pequeno vislumbre de enredos futuros que poderão ser explorados em uma continuação do longa. Além de um show de química entre Rob e Zoe que foi mal aproveitado.
Com um filme cheio de estrelas que dão um show a parte em seus respectivos núcleos no meio da loucura de Gotham, Matt Reeves consegue se sair convenientemente bem com um roteiro censurado devido a classificação etária, apesar de ter perdido o seu verdadeiro potencial.
The Batman estreia 3 de março no Brasil.