Sendo de uma colaboração entre a grande Square-Enix e o estúdio Lancarse, um dos desenvolvedores responsáveis por Shin Megami Tensei: Strange Journey, The DioField Chronicle é uma aposta modesta em uma nova IP que se vende como um jogo de estratégia de fantasia medieval e com um gostinho de Game of Thrones para apimentar a mistura.
Sinopse
Em The DioField Chronicle acompanhamos a história de Andreas, Frederet, Waltaquin e Iscarion, quatro jovens que fazem parte uma força militar de mercenários em DioField, um continente abundante em um recurso natural extremamente valioso e com um monarca debilitado e conflitos pela coroa certamente irão ocorrer.
É difícil não olhar para The DioField Chronicle e não pensar que ele é um cruzamento entre Fire Emblem e Game of Thrones, tendo um elenco onde a maioria dos personagens são jovens, uma história de intrigas políticas onde cada personagem tem uma agenda pessoal e por fim uma direção de arte que junta os dois, mantendo um tom muito sóbrio mesmo com um bom senso de estilo.
De cara algo que chama muito a atenção em DioField é como as cutscenes são dirigidas e uma dublagem muito competente no geral com uma ou outra linha sendo entregue de uma forma um pouco duvidosa. Os modelos e animações em DioField por si só não são algo impressionante, mas a composição de quadro e alguns truques de renderização realmente adicionam um toque de muito bom gosto às cutscenes do jogo.
Um RTS simplificado
The DioField Chronicle é um jogo que seria melhor descrito como um RPG de estratégia em tempo real só que com um botão para pausar, e junto desse botão de pause ele traz alguns elementos (ou a ausência de elementos) que tornam The DioField Chronicle uma experiência aparentemente mais amigável para quem não tem experiência com jogos de estratégia no geral.
O primeiro elemento que contribui para essa impressão e chama a atenção no jogo é a quantidade total de unidades que podem ser utilizadas ao mesmo tempo. 4 unidades jogáveis pode parecer pouco para quem é acostumado com jogos de estratégia, mas isso ajuda a manter todos os objetivos e estratégias o mais claro e efetivas possível, ainda mais com a possibilidade de fazer algumas unidades se tornarem pares com outras na reserva, abrindo a oportunidade da unidade principal poder usar habilidades da unidade com a qual ela fez par.
Outro elemento que contribui para a acessibilidade é a não utilização de um sistema de pedra, papel e tesoura entre os tipos de unidades, permitindo aos jogadores, usar a combinação de classes e armas que mais o agradam sem terem que encarar uma desvantagem por isso. Por último, não há muitos sistemas relevantes para o combate que envolvem diretamente o cenário do jogo como por exemplo, o sistema de níveis de elevação que era um fator integral de Final Fantasy Tactics.
O gameplay também envolve muito mais a ação do jogador no meio do combate. Permitindo o jogador a usar constantemente habilidades especiais para aplicar buffs/debuffs, manipular o posicionamento das unidades inimigas e também causar dano massivo com a sequência correta de ações.
DioField apresenta uma boa diversidade de unidades com as quais você pode estabelecer estratégias. o jogo tem quatro classes principais sendo elas: Guerreiro, Cavaleiro, Atirador e Mago e dentro dessas classes você tem pequenas individualidades já que as habilidades que suas unidades possuirão estão atreladas a tipos de armas diferentes dentro dessas classes. A classe de guerreiro, por exemplo, comporta Adagas, Espada & Escudo e também Machados. Cada personagem em DioField Chronicle está atrelado a uma classe e uma arma específica.
Progressão em um jogo sem fim
Progressão é um elemento constantemente presente em DioField e será sua atividade primária adquirir upgrades entre missões na base dos Blue Foxes. Equipamento, summons, habilidades e até mesmo a sua base de operações pode receber upgrades. Contudo, cada upgrade por si só pode ter um efeito quase imperceptível como, por exemplo, passar a obter 3% a mais de um recurso.
Poder andar livremente pela base de operações infelizmente não proporciona nada realmente diferente para o jogo, todo o seu tempo fora do campo de batalha é gasto aqui se movendo do ponto A ao ponto B, comprando upgrades ou iniciando sidequests que não realmente adicionam nada ao relacionamento entre os personagens e poderia ser substituído por um menu e nada seria perdido.
A progressão de campanha em DioField Chronicle funciona de uma forma que pode ser um pouco frustrante. Na minha experiência com o jogo eu fiz questão de cumprir cada desafio extra e side-quests e mesmo com as recompensas extras advindas disso, eu ainda me encontrei em situações na metade da campanha onde o jogo impunha missões com um nível recomendado maior do que o nível que os meus personagens possuíam, me incentivando a refazer missões anteriores mesmo tendo realizado todo o conteúdo extra até alí.
Além da campanha principal ser um pouco exigente demais com a sua progressão, essa campanha também estende demais a narrativa. É comum ver personagens de visões diferentes se enfrentarem e nada realmente acontecer, por capítulos inteiros. E quanto mais a campanha se alonga com diálogos que não saem do lugar, mais vemos missões sem situações e cenários interessantes para o jogador solucionar.
Infelizmente a trilha sonora também não ajuda na monotonia. Pela maior parte da extensão do jogo você terá a mesma música para a base de operações e também a mesma música em todas as missões.
DioField não possui dublagem ou legendas em português brasileiro e também nenhuma opção especial de acessibilidade além opções de dificuldade e poder remapear todas as ações para botões diferentes.
Veredito
The DioField Chronicle teria um potencial real de se estabelecer no nicho de jogos de estratégia com o seu estilo de RTS, grande ênfase em habilidades e poucas unidades, mas este potencial se perde um pouco no visual não tão marcante e principalmente no quanto ele se estende desnecessariamente e os detrimentos que vem disso.
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The DioField Chronicle está disponível para PC via Steam, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e Nintendo Switch.
Chave para review cedida por: Square-Enix