Distribuído pela Naugthy Dog e lançado dia 19 de Junho de 2020, The Last of Us Parte ll é um jogo de aventura, sobrevivência e é uma sequência do primeiro título da série. O primeiro jogo conta a história de como Joel e Ellie se conheceram e viveram terríveis experiências ao longo de suas jornadas em um mundo pós apocalíptico e repleto de infectados. Se você ainda não jogou o primeiro jogo da série, é recomendado jogar pela ótima experiência que ele proporciona. 

O principal objetivo da série é a sobrevivência acima de tudo, podendo saquear casas abandonadas e pegar o que encontrar de útil pela frente, mas como a série se trata de pessoas se adaptando a esse mundo, sempre teremos essa inclinação para o lado sentimental dos acontecimentos. O maior exemplo disso é o final do primeiro jogo, quando vemos Joel matando todos que estavam no hospital para salvar Ellie de um cirurgia que poderia matá-la. Desta forma é revelado que durante o caminho que percorreram, diversos sentimentos foram desenvolvidos, ainda mais o lado paternal de Joel.

Diversos jogos não carregam muitos de seus elementos em suas sequências, porém esse não é o caso de The Last of Us, o primeiro título tem grande impacto no segundo. Portanto, recomendamos jogar para sorrir e chorar ao longo dessa incrível jornada. Para não estragar a experiência de jogadores que ainda não jogaram, a crítica será dividida em duas partes: uma com características gerais e outra com alguns spoilers. A parte com possíveis spoilers será sinalizada.

Ambientação

O jogo surpreende com detalhes do ambiente, cada quarto, caixa ou mesa tem objetos e detalhes únicos que levam o jogador a imergirem de forma única. Observando os ambientes, pode ser detalhado até mesmo discos e pôsteres colados em um quarto de uma casa abandonada. Os vestígios de humanidade trazem um pensamento de como tudo seria se o nosso mundo fosse afetado daquela maneira.

Em um certo momento, o jogo te leva à um espaço onde estaria acontecendo um evento geek, com pôsteres de algumas séries pertencentes ao mundo do próprio jogo. O museu também é uma referência aos resquícios de humanidade, apesar de completamente abandonado alguns objetos interativos estão ainda funcionando e mostram como eram feitos os registros históricos antes do desastre acontecer.

Diálogo

O jogo está totalmente dublado em português e com uma boa qualidade. Inclusive, a dublagem consegue capturar e passar  ao jogador os sentimentos e aflições das personagens, assim, ficando claro e muito convincente em momentos que a raiva, alegria e dor são destaque. Algumas gírias e falas mais “jovens” também se encontram no diálogo, é comum você escutar a Ellie dizer ‘’Belê”, “Fechô, “Valeu”.

As palavras de baixo calão não ficaram de fora das conversas e expressões, dando uma realidade imensa nas falas de algumas personagens. Por exemplo, seria no mínimo impossível alguém tomar um tiro na perna e dizer “ai, carambolas”. Neste quesito, o uso de um vocabulário mais pesado é necessário, contextualizado e ajuda ainda mais na imersão e convencimento do jogador de que aquele mundo foi muito bem estruturado.

Jogabilidade

A jogabilidade foi algo que melhorou, porém ainda com algumas semelhanças do primeiro título da franquia. Da mesma forma que o título anterior, podemos acabar com dez infectados sem dar um tiro, podemos matar apenas dois dando quinze tiros e acabar morrendo. As escolhas e oportunidades tornam o game mais estratégico e te obriga a ter muita paciência, pois um passo errado em um caco de vidro pode ser sua morte ou a hora de fugir. Em muitas situações, fugir pode ser uma escolha muito boa durante a gameplay.

O modo furtivo é a melhor opção para jogadores pacientes que não quiserem criar o caos e ser em avistados, ou alvejado, por um soldado inimigo ou morto por um dos infectados. Ao longo do jogo é possível achar alguns comprimidos que melhoram seu modo stealth e até mesmo seu combate. Por exemplo, ao fazer uma finalização e o próximo ataque ser outra finalização em outro inimigo, andar mais rápido enquanto estiver agachado, criar munições especiais dentre outras habilidades

Sistema de armas

A variedade de armas está baixa assim como no primeiro game, a primeira metralhadora é encontrada restando apenas 20% de jogo. A pouca diversidade é algo negativo, pois ajudaria bastante ao longo da sua jornada e traria maior variedade de opções para o combate. Em alguns pontos é possível encontrar uma bancada para a customização de armas adicionando, por exemplo,  empunhadura, cano, e até mesmo miras para aprimorar a precisão na hora do combate.

O sistema de armas durante o jogo é sim muito útil, porém em algumas partes do game você muda suas armas, as vezes não chegando a usá-la, e o personagem perde todos os itens, sendo necessário começar do zero. Isso é algo bem negativo para quem cria expectativas de testar a nova arma em ação ou que melhorou uma que não tinha balas para testar. 

Gráfico

As expressões de cada personagem ao longo do jogo é de se espantar. A empresa realmente investiu na qualidade de expressões, assim como no diálogo, as expressões dos personagens demonstram os sentimentos dos momentos vividos no jogo, por exemplo, quando Ellie pega um infectado por trás há uma animação dela agarrando e fazendo uma expressão de força, ódio e dizendo “quieto porra”. Só por essas cenas já da para perceber o tamanho da força que ela fez pra agarrar o inimigo.

Alguns aspectos do cenário aumentam ainda mais o nível de imersão, como as pegadas na neve, a água cristalina, as vezes suja; o sangue derramado no rosto após o abate, as marcas de tiro deixando sangue no local. Detalhes como esses as vezes passam despercebidos, porém fazem uma diferença absurda na composição gráfica quando comparado ao realismo proposto.

A TRAMA [SPOILER]

Logo ao inicio do game temos a imagem de Ellie crescida e certas recordações do passado, como dito na parte sem spoilers, o impacto do primeiro causou todo o enredo do segundo. Joel fez o que fez para resgatar Ellie da cirurgia de risco para a possível “cura” do vírus, matou todos do hospital e tem seu passado sombrio que nunca escondeu de Ellie, como toda ação tem sua consequência, a de Joel tinha chegado.

Um dos médicos assassinado por ele no hospital quando regatava Ellie era o pai da nova personagem jogável, Abigail, apelidada de Abby, uma integrante da facção WLF (Washington Liberation Front) que no game são apelidados de lobos. Abby no início se mostra uma sobrevivente experiente que está disposta a cumprir seus objetivos, na primeira hora de gameplay com a personagem o game faz Abby, Joel e Thommy se encontrarem e Joel acaba salvando Abby de alguns infectados, Abby oferece abrigo para Joel e Thommy dizendo ser próximo.

Chegando no local, Abby faz um mini interrogatório e nesse meio tempo Ellie já está a procura do homem, e acaba encontrando a casa que Joel foi levado, o encontrando no momento exato da execução. Ellie tem Joel morto na sua frente, o que desencadeou ódio mortal por Abby. Depois desse choque, Ellie fica totalmente obcecada pela vingança por Joel, querendo tirar a vida de Abby custe o que custar.

O jogo obriga você a entender a historia de Abby, alem de uma figura forte fisicamente e séria, Abby cresceu com seu pai e toda essa história de vingança tem o contexto revelado nessa gameplay com ela. Seus maiores inimigos eram Joel e a facção dos Serafitas apelidados de Cicatrizes, um grupo de sobreviventes que fazem um tipo de ritual para purificar as pessoas com a morte estilo a ceita de Far Cry 5.

Durante o game, Abby foi seguindo sua vida de sobrevivente normalmente enquanto Ellie caçava tudo e todos pra chegar até Abby, matando seus amigos, seu namorado e até mesmo uma mulher grávida próxima -foi o momento onde Ellie viu que estava fora de controle e lembrou que sua namorada também esta grávida.-

Abby tem sua vida salva por dois Serafitas, onde a compaixão fala mais alto que a rivalidade, ela é declarada traidora, todos que eram aliados viraram rivais. Nessa trajetória o jogo mostra as duas facetas do humanos, o lado da razão e o do sentimento, infelizmente um dos Serafitas que salvou sua vida acaba morrendo e Abby ganha um novo aliado com o nome de Lev, um Serafita que foi banido por raspar o cabelo e não se identificar com seu gênero, que é um crime punível com a morte dentro das leis dos serafitas. O jogo expõe a realidade de uma forma bem explícita em relação a representatividade, chamando a atenção do espectador pra algo que muito games não fazem, ou até fazem, mas não mostram com ênfase. -Lev é trans, nasceu mulher com o nome, Lilly, mas não se identifica com o seu gênero e quando cresceu mudou seu nome para Lev-

Quando Abby descobre o que Ellie fez para chegar até ela, Abigail corre atrás de Ellie com o mesmo ódio pelo Joel -um pouco menos de ódio, pois ela apenas espancou Ellie e a deixou sangrando – e pediu apenas para sair do seu caminho, o que não foi suficiente para Ellie desistir de sua vingança.

 

O tempo passou, Ellie fez uma família, morava numa casa afastada de todo o caos e Thommy veio com a proposta de vingança novamente por Joel, Ellie não pensou duas vezes e abandonou sua família e sua vida tranquila pra ir atrás de algo que estava determinada a fazer, não pensou nas consequências, não pensou na sua namorada e na vida que tinha.

A jornada do game tem sua última luta, o jogador controla Ellie e não pode deixar Abby escapar com vida, obrigando ela a lutar com sua rival até a morte, nessa parte temos que ser bem sangue frio pois é visível o sentimento de dor na personagem Abby. -a luta foi injusta pelo motivo de Ellie estar armada com um canivete e sua rival apenas com punhos-

Ellie se rende ao sentimento de culpa e desiste de assassinar quando percebe que Abby e Lev estavam sendo como Joel e Ellie, mesmo companheirismo e fidedignos um com o outro. A jovem com sua vingança fracassada volta pra casa e percebe como colocou seu ódio como prioridade e esqueceu de sua família e foi abandonada pela mesma, tudo por uma sede de vingança que no final não valeu a pena.

Veredito 

O jogo está completo, alguns detalhes com possíveis correções em atualização, uma história que te prende e traz uma imensa curiosidade de saber qual será o próximo plot twist.

Lembrando que há cenas de sexo e drogas explícitas, mas o conteúdo da capa é para +18, Algumas cenas de morte e tortura são chocantes e dão até mesmo arrepios por algo acontecer com personagens que acompanhamos toda a trajetória. Vale a pena cada segundo, uma experiência maravilhosa!

NOTA: 4,5/5