Lançado em 05 de março de 2020, The Longing foi desenvolvido pelo Studio Seufz e distribuído para  a Application Systems Heidelberg, chegando para a plataforma PC (via Steam e GOG). O jogo traz uma proposta bem diferente e no mínimo curiosa, sendo acompanhado por um visual bonito e uma sonoridade bem aplicada.

Paciência, criatividade e referências

No jogo entramos no papel de uma sombra criada por um rei. Tal governante, que comanda um reino subterrando, encontra-se enfraquecido e ele precisa se fortalecer. Para tomar conta de seu reino enquanto descansa, o monarca cria nosso personagem que é uma simpática sombra e último súdito. Assim, o trabalho é aguardar o rei despertar novamente, porém isso só acontecerá após 400 dias.   

A questão é o que fazer nestes 400 dias? Como eles passam? Simples! Faça o que quiser. O jogo possui um longo e explorável sistema de cavernas, itens que podem ser encontrados e caminhos para serem desbloqueados. Entre as opções também podemos ficar na casa designada para personagem, com carvões para desenhar e livros para ler, ou conhecer novos locais, achar novos livros e cores para utilizar em desenhos, pedras para enfeitar a moradia, etc. Os livros realmente podem ser lidos e contemplam textos como o romance Moby Dick do autor Herman Melville, Assim falou Zaraustra,  de Friedrich Nietzsche, e outros textos voltados para a filosofia. 

Suas explorações pelos tuneis resultarão em itens que podem ser usados na decoração da caso do personagem, outros irão possibilitar novos desenhos ou até mesmo formas mais eficientes de proceder na exploração. O importante em relação a narrativa proposta é perceber a passagem do tempo e como o jogador deseja utiliza-lo. Também vale destacar a parte sonora que usa do silencio como uma forma de amplificar a solidão do reino em que o personagem se encontra.

A relativização do tempo

Dentro do game o tempo passa da forma mais literal possível. Os 400 dias são contados como no mundo real e uma vez iniciado ele continua contando independente de você estar jogando ou não. O andar e fala do próprio personagem já indica que o ritmo do jogo será lento. A falas na linha de “não preciso correr, ainda falta bastante tempo” indicam o ritmo que o personagem caminha, também se refletindo no tempo em que  portas  demoram para abrir, insinuando que fazia muito tempo que não eram abertas, a ponto de estarem quase emperradas.

Inclusive, o fator tempo pode influenciar a exploração de algumas regiões, tendo em vista que alguns obstáculos se baseiam neste elemento como uma condicional para a passagem. Assim, é um recurso aplicado amplamente praticamente todas as atividades disponíveis, seja no desenho, nas já faladas caminhadas e abertura de portas e noa mais diversos cenários que os túneis do reino subterrâneo pode proporcionar.  

The Longing consegue passar um genuíno sentimento de solidão e reflexão, a ponto de nossas ações nem sempre fazerem sentido perante o tempo que temos para o despertar do rei. Durante a gameplay questões como “Por que explorar?”, “Por que ficar parado?” ou até mesmo  “Preciso esperar ou tem outra saída?”  podem ser recorrentes e que depende de cada um que se dispor a passar por essa experiencia.

Com certeza o jogo pode não agradar a um público que busca um show de luxes ou algo frenético. Ao nos dar controle de uma sombra sem personalidade e que é livre para receber os comandos, o jogador é colocado em algo intimo e que pode fornecer diferentes sensações.

NOTA: 4,2/5