Vida de Cão traz um olhar intimista na relação de Istambul com seus cachorros de rua —  “Os seres humanos vivem de modo artificial e hipócrita e fariam bem em estudar os cães”. É com essa frase do filósofo Diógenes que a diretora, produtora e roteirista Elizabeth Lo apresenta seu filme documental “Vida de Cão“.

No documentário acompanhamos três cachorros que vivem nas ruas de Istambul, logo de cara já percebemos que a diretora quis focar nas situações rotineiras que os cachorros passam, mas principalmente ela tenta captar tudo pela ótica dos próprios cachorros, com quadros um pouco mais fechados, sem interferir em nada.

São apenas os cachorros e suas relações contraditórias com as pessoas de Istambul, onde percebemos como esses animais se inserem nessa sociedade.

Zaytin descansando.
Zaytin descansando.

Por que Istambul?

Elizabeth conta que desde 1909 as autoridades turcas tentaram exterminar os cachorros de rua, esses extermínios em massa fizeram com que vários protestos surgissem. Os protestos fizeram com que fosse ilegal prender ou sacrificar cães de rua na Turquia. O filme se insere nesse contexto.

Primeiro conhecemos Zeytin, uma cadela brincalhona e livre, e acompanhamos sua rotina na rua, além de algumas relações com outros cachorros e com pessoas que convivem e cuidam dela.

Um outro aspecto bastante mostrado, é a relação que alguns jovens moradores de rua, em grande parte refugiados de zonas de guerra, acabaram desenvolvendo com os cachorros. É com esse grupo que vemos uma maior cumplicidade com os cachorros.

Um pouco mais para o meio do filme vemos que alguns dos jovens pensam em adotar algum cachorro. Mas após serem proibidos por alguns seguranças do lugar onde ficavam uns filhotes, eles decidem roubar um filhote para cuidar, mas como os jovens não tem condições de cuidar do cachorro, o bicho continuou na mesma situação  até que no final as autoridades o recolhem.

Outro ponto que vale destacar é a ótima trilha sonora que ajudou no ritmo do filme em alguns momentos que o ritmo da história fica um pouco mais lento.

O documentário me lembrou bastante o filme Kedi (2016), que também se passa em Istambul, porém foca na relação dos gatos de rua com a cidade e com a enorme população de cachorros de rua, cada vez maior em decorrência dessa lei apresentada de proteção dos cachorros.

zeytin cheirando outro cachorro.
zeytin cheirando outro cachorro.

Vida de Cão tinha tudo para surpreender pela história de perseguição histórica que os cachorros sofreram ou por suas relações com as pessoas. Mas apenas essa ideia de mostrar um olhar intimista e próximo dos cachorros com a cidade não foi suficiente.

Deixou uma sensação de que faltou alguma coisa para cativar o telespectador com a vida desses bichos cheios de sentimento e amor, que de uma certa maneira tem uma importância enorme para Istambul.

Vida de Cão estará disponível em 20 de agosto de 2021 no YouTube, Google Play, NOW, Vivo Play, iTunes e Apple TV.

Filme conferido em cabine de imprensa virtual 

 

 

REVER GERAL
Direção
Roteiro
Fotografia
Trilha Sonora
vida-de-cao-traz-um-olhar-intimista-na-relacao-de-istambul-com-seus-cachorros-de-ruaVida de Cão tinha tudo para surpreender e nos tocar pela história de perseguição histórica que os cachorros sofreram ou por sua relação com as pessoas, mas achei que apenas essa ideia de mostrar um olhar intimista e próximo dos cachorros com a cidade não foi suficiente.