‘’Dr. Estranho no Multiverso da Loucura’’ é um filme diferente de quase tudo que vimos até agora da parceria Disney & Marvel nos cinemas, diferente do que tinha sido pintado por muitos como um filme de terror ou como mais um filme de “portalzinho’’ com aparições especiais, ele traz diversos elementos do universo Marvel dos quadrinhos que não haviam sido explorados até então e uma direção impecável de Sam Raimi.
Quebrando todas as expectativas geradas pelo final de ‘’Homem Aranha – Sem Volta Pra Casa’’ onde o grande público esperava o ‘’maior filme da Marvel’’ ou ‘’o filme que vai enfim integrar todos os personagens que estão faltando no universo do cinema” o filme entrega uma tragédia logo nos primeiros 15 minutos de filme e nos deparamos com toda a dor de Wanda Maximoff.
Provavelmente foi indicado para você assistir isso ou aquilo antes de ver esse filme “para não se perder’”, mas a verdade é que o filme lida com uma trama muito intensa que foi deixada no final da série WandaVision.
Assim, essa é a única obra obrigatória para assistir antes de assistir o novo filme do Dr. Estranho, embora valha ressaltar que o filme como um todo lembra muito um episódio da série ‘’What If’’, onde nos encontramos diversos personagens dos quadrinhos o tempo todo em situações que não estamos acostumados de ver na telona.
Mas é ai que entra a jogada de Sam Raimi, porque como todos sabem, o diretor da trilogia original de ‘’Homem Aranha’’ é alucinado pelo universo Marvel e um fã assíduo do Dr. Estranho e da Feiticeira Escarlate.
Vemos durante o filme muitas camadas dos dois personagens que não vinham sendo explorados antes. De um lado uma Feiticeira Escarlate perturbada pela maior dor das dores e do outro um Dr. Estranho que começa a se conhecer melhor ao passar pelas aventuras do multiverso, e que além disso ainda nos mostra um leque totalmente novo de poderes e efeitos visuais incríveis. (Até a cena do olho é boa, ok? Ok!)
A trama do filme é contada em um ritmo diferente dos ritmos dos outros filmes, muito por beber da fonte de suspense e terror, temos inclusive algumas cenas de jump scary muito legais e que realmente são inesperadas, além de claras referências a filmes como “O Chamado’’, porém contudo isso não torna o filme lento, muito pelo contrário, nos permite explorar ao longo que a história é contada, diversos detalhes interessantes do nosso universo favorito!
O filme conta ainda em seu elenco de apoio com Rachel McAdams, mais uma vez reprisando seu papel de Christine Palmer, como interesse romântico de Stephen Strange, e Xochitl Gomez que nos apresenta ‘’America Chavez’’. A carismática personagem tem tudo para ser peça chave do filme e possivelmente das próximas tramas da Marvel com seu super poder de viajar entre as dimensões do multiverso.
O único desapontamento que eu senti que pode haver ao assistir ‘’Dr. Estranho no Multiverso da Loucura’’ é a questão da grandeza do filme e de seus acontecimentos, porque a verdade é que o trailer não entrega nada do que o filme realmente é, e isso na verdade é ótimo, mas com os acontecimentos catastróficos em produções do MCU ficou no ar uma pergunta: Quando vamos juntar tudo de novo? Quando que os universos todos vão se unir?
Nenhuma dessas respostas é dada nesse filme. O que na minha opinião é uma, mas que ao mesmo tempo me faz sentir que vai desapontar pessoas que queriam mais mudanças drásticas e mais consequências para o universo. A curto e grosso modo de falar, ao final do filme pouca coisa muda em relação ao começo tirando dois acontecimentos importantes.
Não posso deixar de falar da nossa bruxinha favorita, Elizabeth Olsen que nos entrega tudo que poderia ao personagem, nós realmente conseguimos sentir a dor da Wanda, uma atuação realmente destacada e a Feiticeira Escalate não merecia menos, já que além de ser um dos seres mais fortes e importantes do universo Marvel, tem o mesmo tempo de tela do personagem principal do filme.
Roteiro e Direção
Pra começar o roteiro é escrito a duas mãos, por Jade Bartlett e Michael Waldron, esse último, inclusive também escreveu o roteiro da série ‘’Loki’’, ou seja, todos estavam tão integrados no projeto quanto Raimi.
Ele entregam 3 atos grandiosos no filme, quase uma tragédia grega, que não abusa do humor já costumeiro do MCU, mas se aproveita dele em momentos oportunos e nos dá uma aventura definitivamente diferente de tudo que havia sido vista até aqui.
Um certo desapego com os personagens que aparecem ao longo do filme e a todo momento traços claros de que esse é um filme do diretor de ‘’Arraste-me para o Inferno’’. Inclusive fica aí a dica, na verdade quase um pedido, que se houver adaptação em live action para os Zumbis da Marvel, que seja dirigido também por Raimi que domina muito bem as duas artes.
É bom falar também que Multiverso da Loucura é um filme muito bonito apesar dos seus tons mais escuros. Temos muitas cenas gráficas que enchem os olhos e nos fazem ficar sem fôlego principalmente quando Strange e Chavez estão viajando através das dimensões.
O que muda agora ?
Na verdade, pouca coisa muda. Não é necessário falar, mas o que faz a interação com os próximos projetos é novamente a primeira cena pós crédito, o que mantém o gostinho de querer mais e novamente nos faz aproveitar melhor cada passo que é dado ao longo da exploração do MCU.
Além disso vale dizer que essa sequência não tem nem comparação com o primeiro Dr. Estranho, que é um dos filmes mais fracos do MCU, mesmo sendo o filme de introdução do antigo mago supremo.
Digo que Dr. Estranho no Multiverso da Loucura é um dos filmes mais legais para se aproveitar o universo inteiro da Marvel e tudo que ele tem a oferecer.
Os seus pequenos detalhes e suas infinitas possibilidades que muitas vezes são apresentadas somente em quadrinhos ou em animações. Um filme pra se deliciar com a atuação de rostos que já estamos familiarizados e se habituar com novos que chegam para integrar o famoso futuro da Marvel.
Crítica por: Renan Jordão
* Cabine de Imprensa da Disney