Dirigido por José Eduardo Belmonte, produzido em conjunto por Cine Group/Globo Filmes e distribuído pela Imagem Filmes, o Auto da Boa Mentira é uma coletânea de quatro esquetes baseadas em contos de Ariano Suassuna (1927-2014) sobre as mentiras e suas consequências. 

O diretor e os roteiristas (três) conseguiram captar com perfeição todo o clima e espírito dos escritos do genial Suassuna, autor de “O Auto da Compadecida”, que mais tarde se tornou um filme inesquecível. Um clássico do cinema nacional. Assim como os escritos do grande Suassuna, o filme mantém um tom leve e divertido; para agradar toda a família.

Cássia Kis em mais uma boa atuação

Minicontos

As histórias em questão são: Helder (Leandro Hassum) é um funcionário de RH. Tudo começa quando ele chega a um hotel para uma convenção da empresa. Contudo, as pessoas começam a confundi-lo com um famoso comediante de stand-up (que é a cara dele, uma “outra versão”), e ele, obviamente, se aproveita disso, tirando fotos, gostando da situação, até conhecer Caetana (Nanda Costa).

A segunda história é centrada em Fabiano, (Renato Góes), um rapaz que descobre que a mãe (Cassia Kis. Ótima, como sempre) mentiu para ele e que seu pai, na verdade, é o Palhaço Romeu (Jackson Antunes. Impecável).

A terceira história fala sobre Pierce (O inglês Chris Mason, de Pretty Little Liars e Riverdale). Pierce é um inglês que vive no Rio de Janeiro, e por pura preguiça, não compareceu à festa de Zeca, seu amigo (aqui interpretado por Serjão Loroza), no Morro do Vidigal. Como todo bom malandro, em vez de dizer a verdade, inventa uma mentira e fala que foi assaltado. O caso, obviamente, chega aos ouvidos do chefe do morro (Jesuíta Barbosa, meio deslocado no papel).

A última história mostra Lorena (Cacá Ottoni, não tão bem assim), uma estagiária de uma empresa que é sumariamente ignorada por todos os outros funcionários, mas é chamada para uma festa de natal. Lá, ela conta uma leve mentira para se enturmar, mas acaba desencadeando uma confusão generalizada com os colegas de trabalho Felipe (Johnny Massaro) e Norberto (Luís Miranda).

Leandro Hassum e a quebra da quarta parede em sua história

Direção

A boa direção de Belmonte, aliado ao talento de algumas peças do elenco, ajudam a dar uma dinâmica boa a cada história. E a cada história contada, o filme nos brinda com pensamentos e colocações de Suassuna, sempre com humor e leveza.

Minhas histórias favoritas, dentre as quatro apresentadas, são as que têm Leandro Hassum e Chris Mason. Primeira e terceira, respectivamente. A esquete envolvendo Leandro Hassum faz uma piada com o próprio ator, dando uma pitada de quebra de quarta parede bastante interessante.

Mesmo sendo um filme despretensioso e com histórias leves, O Auto da Boa Mentira poderia ter sido melhor aproveitado em formato televisivo. As histórias contadas lá são perfeitas para isso. Inclusive, poderia se contar mais histórias.

Por fim, Belmonte e os roteiristas fazem um bom trabalho, e eu tenho certeza de que o imortal Ariano Suassuna ficaria satisfeito com o trabalho final.

REVER GERAL
Fotografia
Trilha Sonora
Roteiro
Direção
Figurino
Vladimir Machado
Considera Masami Kurumada o maior ser humano vivo. Graduado em Letras, é revisor e redator.
o-auto-da-boa-mentira-criticaFilme leve, divertido e despretensioso . Alguns talentosos nomes do elenco ajudam a trazer à tona os causos de Suassuna. Filme rodaria melhor em formato televisivo.