O Peacemaker sem dúvidas era uma das peças que mais se destacava em O Esquadrão Suicida, e agora sua série solo dá continuidade ao tom que o filme deu ao universo cinemático da DC, mas com algumas pequenas diferenças que tornam o anti-heroi um bom ponto central para uma nova missão.
Após a cena pós-crédito do filme, Peacemaker recebe alta do hospital e é recrutado novamente para uma missão secreta do governo dos Estados Unidos, mas dessa vez em solo americano e ele tem a oportunidade de reencontrar pessoas do seu passado antes de ter parado na prisão e conhecer os novos membros do time de suporte da missão.
Um Anti-Anti-Herói, ou quase isso.
Peacemaker no filme era um personagem muito rígido com seus ideais, não é a toa que a famosa frase “Se o custo da paz for matar homens, mulheres e crianças, eu não hesitaria” que motiva várias das decisões dele no filme, aparece de novo na série inclusive para questionar como isso nasceu.
Mas após essa experiência de quase morte, uma reconexão com sua águia de estimação e formar um tipo de amizade com os outros membros da operação, o personagem de John Cena acaba ficando um “pouquinho mais frouxo” com sua filosofia e querendo agir como um verdadeiro herói, mesmo que seu novo trabalho para o governo peça que ele seja tão sujo quanto o Peacemaker que vimos no filme.
Apesar da premissa um pouco mais otimista, Peacemaker ainda é o que a gente esperaria de uma sequência para o filme do ano passado. Uma série de ação de tirar o fôlego e comédia completamente sem escrúpulos que não tem medo de ser bem gráfica de uma cena para a outra. Honestamente é algo impressionante que a classificação indicativa da série não esteja como 18 anos no Brasil sendo que em alguns momentos desses primeiros episódios a série consegue ser bem explícita.
E mesmo com um humor que beira o ofensivo, racismo e ódio contra minorias parece ser um outro tema central que podemos esperar ser abordado na série ao lado da reabilitação do Peacemaker, ou pelo menos, temos o ponto de partida disso nos primeiros episódios. O primeiro diálogo da série é inclusive sobre isso, que mesmo um homem que sua missão de vida é matar pela paz, ainda acaba matando mais minorias do que pessoas brancas.
Temas e Simbolismos (É isso mesmo que você leu)
Os simbolismos sobre esse tema estão bem escrachados na série. Peacemaker é um personagem extremamente patriota que faz bom uso até demais de suas armas de fogo e tem uma águia careca, o mascote mais famoso dos Estados Unidos como pet. O pai, o homem que formou exatamente quem ele é hoje, não só cumpre todos os estereótipos do homem conservador americano, como também ao final do terceiro episódios parece ter seguidores neonazistas.
John Cena como protagonista está muito forte no papel principal, os anos no WWE ensinaram a ele como usar o carisma que tem e ele não deixa a desejar nem um pouco na atuação até nos poucos momentos da série que exigem um pouco mais dele. Dá pra ver o quanto ele gosta do papel que está fazendo e quanta energia ele consegue tirar disso e transformar em uma ótima performance.
Danielle Brooks é outra atriz que entrega um personagem muito bom com sua performance de Leota Adebayo e muito importante para a trama fazendo o papel que é o da pessoa normal no meio da loucura que é essa série. Ela protagoniza um paralelo oposto dos temas de racismo e minorias sendo uma mulher negra e lésbica além de ser filha da Amanda Waller, a verdadeira chefe da missão. Nós vimos o quão autoritária e desumana Waller pode ser para cumprir sua missão em Esquadrão Suicida e isso fecha muito bem esse paralelo com o Peacemaker e seu pai. Ironicamente, Leaota e Peacemaker são os únicos personagens que acabam gerando uma amizade no time enquanto os outros personagens tratam eles com um certo nível de desprezo por um ser um homicida convicto e uma novata no trabalho.
O texto e a direção da série estão impecáveis, é difícil ficar distraído assistindo a série seja por que os personagens estão constantemente se provocando ou fazendo graça um com o outro. Os diálogos entre os personagens são muito naturais e o ritmo entre as cenas está no ponto, nesses três episódios nenhuma cena parece se estender mais do que o necessário ou ser curta demais.
Considerações Finais
Eu pessoalmente não espero que essa série vá muito mais fundo nesses temas porque nós sabemos o que esperar de Peacemaker: Cenas de ação divertidas, música alta, algumas cenas um pouco chocantes e uma piadas legitimamente boas (e o John Cena só de cueca, aparentemente) e a série entrega isso de forma incrível nesses primeiros 3 episódios principalmente por conta da sequência no hotel que compreende o final do primeiro episódio e o começo do segundo.
Peacemaker está tão bom quanto eu esperava e eu acho que esse talvez seja o melhor elogio que eu possa dar a essa série.
Peacemaker vai ter 8 episódios, com um episódio novo toda quinta e está disponível no HBO Max.