“Uma viagem ao passado”. Essa é a primeira impressão que Dusk me causou ao iniciar o jogo no Switch. Para contextualizar, não sou um grande jogador de FPS e muito menos de jogos com temática de terror. Muito pelo contrário. Normalmente até fujo de jogos de terror. Mas mesmo eu, me senti bem com essa experiência de emulação do clima dos jogos de tiro dos anos 90 que Dusk tenta emular.

Para quem não conhece, Dusk é um jogo lançado inicialmente para os PCs em 2018 e que recentemente ganhou um port para Nintendo Switch que estarei analisando aqui hoje.

Homenagem, mas não só

A primeira ideia errada sobre que qualquer um poderia ser levado a ter sobre Dusk é que ele seria só um amontoado de referências a Doom e Quake, mas passa longe disso. Enquanto referência ao passado ele é muito competente, chegando a emular o boot do jogo pelo prompt de um sistema operacional fictício, mas não só isso. Fontes, texturas e modelos tudo remete a um clima noventista.

Quando abri o jogo pela primeira vez fiquei me perguntando se era algum remaster de um jogo antigo que eu desconhecia, mas logo essa ideia fugiu da minha cabeça ao perceber o quão refinada sua gameplay era.

Dusk emulando prompt de comando
Dusk manda bem nas referências

Som no máximo

Uma das primeiras mensagens que aparecem na tela ao iniciar Dusk é “Fones de Ouvidos recomendados” (em inglês, no caso, pois infelizmente o jogo não é localizado para o português brasileiro ). Siga essa recomendação.

O sound design do jogo é realmente algo a se destacar. A imersão é muito boa. Em especial, na primeira vez que você joga e já é lançado numa sala escura cheio de homens com motosserras partindo para cima de você. A trilha pesada ajuda a manter a vibe frenética do gameplay.

Nunca pare de atirar!

Como falei antes, as coisas podem ficar bem agitadas em Dusk. Ao ponto de que o jogo marca o seu tempo ao final de cada fase como se fosse uma verdadeira speedrun. E algo que ajuda bastante nesse ponto é a mobilidade fluida que o jogo permite e a mecânica de slide é talvez a principal responsável por isso.

As opções para percorrer o cenário são tão boas que em dificuldades maiores como o “Duskmare”, em que você tem que ser muito mais “liso” para não ser atingido, você pode simplesmente sair correndo pela fase sem dar um tiro sequer só fazendo uso do parkour digital para concluir o level de forma “pacifista”.

Dusk_gameplay
É difícil manter a sanidade quando um cara encapuzado corre pra cima de você com uma motoserra.

Algo que ajuda muito na fluidez são as boas escolhas de level design que foram feitas aqui. Se aproveitando da mecânica de pegar caixas, barris e tantos outros objetos no cenário, você pode pular sessões inteiras de busca por chaves de acesso a uma região do mapa simplesmente empilhando caixas e pulando por cima do portão trancado.

E digo mais, sabe as mesmas caixas que você pode subir em cima para ir a locais anteriormente inalcançáveis? Elas podem ser usadas como armas para atingir inimigos ou quebradas simplesmente para revelar um item escondido.

Levantando objetos do chão em Dusk
Boa parte do cenário pode ser quebrado, arremessado ou levantado do chão. Mesmo as coisas mais inusitadas.

Falando em item escondido, Dusk é um jogo que sabe premiar a exploração, tanto com áreas secretas (que se você não as encontrar a tela no final do level vai fazer questão de jogar isso na sua cara) como também recursos que podem te salvar em momentos mais tensos.

Tudo customizável

Uma das grandes qualidades de Dusk é a quantidade assombrosa de opções de customização do visual e até mesmo da própria gameplay do jogo. Algo que para um jogador de PC talvez nem seja tanto um destaque, num console é realmente algo a se parabenizar.

Na parte visual, é possível alterar o tamanho das armas para que elas não obstruam a visão do que está acontecendo à sua frente. Também pode-se aumentar o campo de visão para que se tenha um olhar mais amplo sobre o cenário. 

Até mesmo dá para customizar com muita liberdade a paleta de cores do jogo. Isso sem falar que dá para carregar na pixelização para realmente te botar na frente daquele seu velho PC branquinho rodando Windows 98.

E não é só o visual que pode ser mexido, o “Feel” do jogo também está completamente sob o seu controle.

Se ultimamente temos passado por períodos em que se discute a necessidade ou não de seletores de dificuldades nos jogos, Dusk já escolheu o seu lado na briga, pois aqui temos desde a dificuldade “Accessible” até o “Duskmare” que vai te fazer sentir o que é jogar o “Dark Souls dos ports para Switch de jogos-homenagem aos FPSs clássicos”.

Em uma das minhas primeiras partidas, senti que a sensibilidade do Joycon estava muito alta para o meu gosto e que alegria foi saber que no menu de opções eu tinha diversas formas de melhorar a minha movimentação.

Algumas dessas opções (como sensibilidade dos analógicos) eu achava até que deveriam ser nativas do console, mas agradeço ao fato de que pelo menos Dusk me entregou isso. Gostaria ainda mais se pudesse alterar a sensibilidade da movimentação lateral e vertical separadamente.

Para não dizer que não sou só elogios, não achei os controles de movimentos muito intuitivos. Não pareciam estar acompanhando bem a minha movimentação, mas como o modo sem controle de movimento atende bem nem senti muita falta.

Conclusão

Um jogo que nem me fez perceber que a hora tinha passado, uma jogabilidade fluida, frenética e divertida. Um som pesado e imersivo que me prendia de uma forma difícil de colocar em palavras. E uma preocupação de entregar ao jogador aquilo que ele próprio considera a melhor experiência possível. Esmero é talvez o que mais salta os olhos aqui.

Dusk é um ótimo port de um ótimo jogo. Aproveite a oportunidade de ter uma experiência clássica dos PCs com a portabilidade de uma forma que só o Switch é capaz de entregar. E principalmente, não esqueça dos seus fones de ouvido, aproveita que agora o Nintendo Switch tem suporte a fones de ouvido Bluetooth,

REVER GERAL
Jogabilidade
Visual
Trilha Sonora
Imersão
dusk-criticaÓtima experiência dentro daquilo a que se propôs. É realmente de se aplaudir o nível de preocupação com a experiência do jogador que nós vemos aqui. Recomendado demais aos fãs do estilo.