Chrono Cross Radical Dreamers Edition é um relançamento moderno do jogo que está na galeria de jogos clássicos do PS1, como também do irmão mais desconhecido da série Chrono, Radical Dreamers, uma visual novel anteriormente exclusiva do Japão para o Satellaview, um add-on para o Super Nintendo.
Essa pequena coleção em Radical Dreamers Edition resume o que seria um “capítulo 2” na série Chrono se focando no novo protagonista, Serge, que após um acidente em que ele é jogado para uma dimensão paralela, tenta descobrir como ele, seus recém formados aliados e inimigos estão ligados com os acontecimentos de Chrono Trigger.
Um remaster com fortes e fracos
Chrono Cross Radical Dreamers Edition é um remaster que segue bem o padrão de qualidade que os remasters mais recentes da Square-Enix tem adotado. Modelos 3D atualizados, Resolução Full HD, 60fps, uma trilha sonora retocada e também alguns “atalhos de emulador” como um botão para aumentar ou diminuir a velocidade, acionar auto-battle, desligar encontros de combate e facilitar o combate.
Há alguma queda de frames em na tela de batalha, e por alguma razão a falta de suporte a telas widescreen, mas a única coisa realmente agressiva desse remaster são as cutscenes em CG.
Elas parecem ter sido importadas diretamente da versão de PS1 em 480p sem qualquer tipo de tratamento para a nova resolução alvo e é realmente uma pena já que há diversas pequenas cutscenes em CG ao longo do jogo.
Chrono Cross, Narrativa e Legado
Os “atalhos de emulador” são a maior novidade que esse jogo tem sobre o original e a função de acelerar o jogo é o MVP nesse departamento. Essa função acelera o combate que é frequente e sempre toma alguns minutos por mais fraco que seja o inimigo e também acelera as viagens do ponto A ao B que normalmente não teriam nada preenchendo o caminho digno de nota preenchendo trajeto.
Chrono Cross abandona o sistema de ATB do seu antecessor em favor de um sistema de combate muito mais complicado e profundo, mas que combina perfeitamente com o foco que o jogo tem em utilizar habilidades de diferentes elementos para otimizar o dano causado.
O jogo tem vários pontos em que o jogador pode se encontrar perdido e sem rumo, assim como vários outros clássicos de PS1 eram. Graças a habilidade de pular entre mundos e isso basicamente dobrar as áreas exploráveis do jogo, o jogador vai ter muitas chances de encontrar novos personagens ou avançar em side quests que podem te recompensar com a chave para a avançar a campanha principal, mas também pequenos detalhes na história que adicionam à profundidade do mundo e dos vários personagens que vão entrar para a seu grupo.
Esses pequenos detalhes que adicionam ao mundo, sua relevância perdurando por toda a duração do jogo e essa sensação de que tudo se junta para um grande objetivo final não só é o maior trunfo da experiência de Chrono Trigger, e que foi replicado em Chrono Cross, como também fecha muito bem os temas que a história vai construindo ao decorrer do jogo.
Chrono Trigger é um jogo muito único que mistura fantasia medieval com ficção científica em uma aventura digna de um poema épico assim como Final Fantasy fazia, mas com toda a leveza e abordagem mais aconchegante de Dragon Quest.
Mesmo o jogo sendo filho dessas duas franquias, Chrono Trigger ainda consegue ser um jogo completamente singular em como ele trata os elementos de seus progenitores de sua própria maneira. Chrono Cross consegue fazer o mesmo usando Chrono Trigger como uma inspiração e fazendo da sua própria maneira.
Radical Dreamers, trilha sonora e localização
Radical Dreamers foi originalmente lançado em 1996, três anos antes de Chrono Cross e é o real grande beneficiário desse remaster já que ele não havia sido lançado oficialmente no ocidente até hoje.
Radical Dreamers é uma experiência muito única e bem diferente do que a Squaresoft daquela época fazia e até mesmo do que a Square-Enix faz hoje. O jogo se apresenta como uma visual novel narrada por Serge, protagonista de Chrono Cross, junto de Kid e Magil invadindo o Castelo de Lynx no que aparentemente é uma linha do tempo descartada do que é considerado cânone.
A Visual Novel tem uma escolha a cada passo e o jogador decide como e por onde conduzir a operação. É uma experiência bem próxima de uma aventura Choose Your Own Adventure em que o jogador tem o objetivo de desbravar uma dungeon, tendo até encontros aleatórios durante a aventura.
O jogo não se estende muito, durando por volta de 4 horas em uma primeira jogada e rendendo diversos finais diferentes que adicionam à rejogabilidade.
A trilha sonora em Chrono Cross é bem pontual e cada faixa da trilha sonora é usada de forma cirúrgica para compor as cenas, a não ser pelo tema de batalha que vai permanecer inalterado por quase toda a duração do jogo em suas centenas de encontros entre o início e o fim do jogo.
Já em Radical Dreamers a trilha sonora é mais presente já que os efeitos sonoros e os sons de ambientação são uma das chaves para a imersão em uma aventura de texto.
Infelizmente esse relançamento não veio acompanhado de legendas em PT-BR, o qual pode ser uma barreira de entrada para os jogadores que só ouviram as lendas sobre Chrono Cross ao decorrer dos anos. Perto da reta final do jogo algumas dezenas de reviravoltas acontecem e pode se tornar um pouco confuso se você não tem um conhecimento mais sólido de inglês.
Conclusão
Chrono Cross é uma sequência para um jogo que é unanimemente considerado uma obra de arte irretocável e uma continuação precisaria fazer muito esforço para poder sequer ser aceita pelo público e Chrono Cross surpreendentemente faz tudo o que seu antecessor conseguiu com seu combate único, uma nova forma de abordar viagem no tempo, além fechar algumas pontas soltas do original.
Esse remaster vem com um tapa no visual do jogo, melhorias na qualidade de vida e também uma Visual Novel que era o “elo perdido” da franquia no ocidente que por si só é um produto tão interessante quanto o jogo principal que o acompanha.
Chrono Cross Radical Dreamers Edition está disponível para Ps4, Xbox One, Nintendo Switch e PC via Steam.