Granblue Fantasy Versus: Rising é a primeira grande revisão do jogo que foi lançado originalmente em 2020 e trás novos personagens, novas mecânicas e até um clone de Fall Guys para jogar entre as partidas.

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Granblue Fantasy Versus: Rising é uma nova chance para GBVS, que foi o último grande lançamento de jogo de luta com delay netcode relevante antes da pandemia e por isso acabou não atingindo todo o seu potencial.

O jogo tem o que é possivelmente o melhor visual que a desenvolvedora veterana de jogos de luta Arc System Works tem a oferecer pré Guilty Gear Strive e é fascinante como ele ainda não deve nada à os outros lançamentos recentes da ASW como DNF Duel e o próprio Guilty Gear Strive.  

Reprodução: Cygames 

Por se tratar de um relançamento, Granblue Fantasy Versus: Rising acaba herdando todo o conteúdo do jogo anterior e isso é principalmente exemplificado tamanho do seu elenco inicial, contando com 28 personagens no total e com mais 6 personagens confirmados para a primeira temporada de DLCs do jogo. 

Em modos de jogo, Rising acaba pecando não oferecendo muito nesse quesito. Até mesmo o modo Arcade não dá muito ao jogador além de apenas uma ilustração do personagem utilizado caso o modo Arcade seja completado em níveis mais baixos de dificuldade. O destaque aqui fica no modo Grand Bruise que é essencialmente um clone de Fall Guys só que com os avatares de Granblue Fantasy. É certamente algo mais curioso e inusitado do que algo que realmente acrescenta ao pacote do jogo.

O jogo possui um modo história bem curioso para dizer o mínimo, com a história sendo contada em grande parte na forma de uma visual novel. A qualidade do roteiro em si é algo questionável com uma trama que não é nada envolvente, mas é interessante ver os diferentes tipos de chefes e as ocasionais cutscenes feitas especialmente para o modo história. Dá pra ver que houve algum nível de dedicação nessa parte do jogo apesar de claramente não ser o foco do jogo.

Granblue Fantasy Versus: Rising
Uma das únicas atrações do modo história são seus chefes únicos. Reprodução: Cygames

Anime Fighter com gostinho diferente

Granblue Versus acaba se diferenciando de outros títulos desenvolvidos pela Arc System Works por se tratar de um jogo um pouco mais “pé no chão” e lento. Há muito foco no que se chama footsies nesse jogo, que é justamente estudar seu adversário e tentar punir qualquer deslize. Pular de qualquer maneira sempre vem acompanhada de um grande risco e cancelar ações é um privilégio de uma parte bem limitada do seu arsenal. Disciplina para saber que botão apertar e na hora certa é a primeira grande lição que esse jogo te dá.

Talvez até mesmo por essa razão, os kits dos personagens não são tão elaborados e “carregados” quanto um veterano dos famosos “anime fighters” esteja acostumado. A maior parte dos personagens ainda apresentam dinâmicas e gimmicks únicas como Grimnir que é um personagem que se baseia completamente nos seus selos espalhados pela tela que o permitem se deslocar para qualquer ponto, mas certamente dá para sentir que há uma boa dose de homogeneização entre os personagem considerados mais básicos. 

Gran, Djeeta, Katalina, Vira e Percival, por exemplo, são personagem que apesar de cada um ter particularidades bem únicas, ainda compartilham de um mesmo esqueleto, cada um sendo uma variante ou subversão do que seria um personagem do arquétipo conhecido como “Shoto”, dos quais Ryu, Ken e Akuma são os maiores exemplos.

Com um elenco carregado de 28 personagens, há muitas opções para o jogador. Reprodução: Cygames

Os recursos auxiliares aqui fazem a completa diferença e dão o ritmo do jogo, além da defesa e da sua variante perfeita que ocorre quando se defende logo antes de um ataque conectar, também há a possibilidade de realizar dois tipos de esquiva diferentes utilizando o botão dedicado para a defesa. Sendo o “Evade” a esquiva sem sair do lugar que oferece invulnerabilidade total e o “Cross-over” que é uma esquiva que é vulnerável a ataques baixos e a agarrões, porém move o seu personagem para frente e inclusive pode até trocar de lado. 

Esses dois tipos de esquiva são chave para a dinâmica do combate do jogo, já que ambos os jogadores vão estar constantemente considerando onde e quando usar essas opções. Isso acaba evitando que o jogo se estenda por longos períodos em uma situação que um jogador pode manter o seu oponente completamente preso na defesa e mais focado nas possíveis leituras e predições do que o seu oponente fará.

O jogo não possui um modo de controle “moderno” como Street Fighter 6, mas ele implementa algo tão bom quanto na forma de 3 botões dedicados distintos, sendo um botão dedicado para especiais, um para defesa e outro corrida.

Apertar o botão dedicado de especiais por si só ou em conjunto com uma direção irá resultar em um golpe diferente sendo executado. Especiais que são realizados utilizando o botão dedicado possuem um tempo de recarga maior enquanto especiais realizando os comandos tradicionais tem o seu tempo de recarga mais curto. 

Granblue Fantasy Versus: Rising
Com o botão dedicado de especiais, golpes invulneráveis se tornam de simples execução e todos podem usar e abusar da sua facilidade. Reprodução: Cygames

O botão dedicado de especiais é uma solução bem esperta pois ela permite que jogadores desde novatos a veteranos possam usar e abusar de ambas as formas de jogar, desde a forma “correta” utilizando comandos tradicionais e até mesmo tirar proveito da praticidade de ter um golpe invulnerável com um simples toque. 

GBVS também conta com um sistema de auto combo que é realizado apertando repetidamente ataques quando um golpe próximo ao adversário é efetuado. Apesar de isso tirar um pouco da complexidade do jogo e da satisfação de executar perfeitamente o seu combo mais otimizado ou mais legal, o auto combo acaba alterando o foco do jogador e o faz pensar mais em quais recursos ele deve utilizar para estender seu combo e conseguir mais dano ou uma posição mais vantajosa na sua próxima investida.

Novas mecânicas 

Rising acaba descartando algumas mecânicas do título anterior como Tactical Move, Overdrive e até os Overheads universais e implementando novas no seu lugar como Ultimate Skills, Raging Strikes e Triple Attacks.

Novas mecânicas como Raging Strike e Brave Counter interagem com a nova forma de recurso do jogo que são Bravery Points e ambos os jogadores têm acesso a 3 Bravery Points por round.

Raging Strike é um golpe capaz de quebrar a defesa do adversário ou também podem ser usados para estender seu combo sem ter que utilizar outros recursos como tempo de recarga ou sua barra de super. Já o jogador que se vê no outro lado desse cenário, tendo sua defesa quebrada por um Raging Strike também pode responder com seu próprio Raging Strike e se livrar de uma situação que seria letal gastando 2 dos seus 3 Bravery Points.

Granblue Fantasy Versus: Rising
Raging Strikes além de ser indefensável, também pode se tornar uma ferramenta para estender seu combos. Reprodução: Cygames.

Brave Counter já seria a adaptação do famoso Alpha Counter para GBVS, onde se utilizando da mesma combinação de botões de Raging Strike e utilizando um de seus 3 Bravery Points enquanto defende resulta em um “chega pra lá” e te dá mais espaço para poder responder ao seu adversário.  

Ultimate Skills são as versões mega poderosas dos golpes especiais regulares, que além de utilizar um de seus tempos de recarga, também consomem 50% da sua barra de super e por consumir tantos recursos, essas Ultimate Skills em sua grande maioria concedem uma grande vantagem caso sejam de utilizadas de forma correta e adicionam ao processo de tomada de decisão do jogador.

Abrir mão do seu super por uma vantagem tática que pode tirá-lo de uma situação apertada ou assegurar uma posição mais vantajosa pode alterar o resultado da partida e é aí que os mind games, conhecimento das suas habilidades e conhecimento do adversário começam a protagonizar o jogo.  

Algumas Ultimate Skills como a da Zooey ignoram qualquer fireball adversária e pode mudar rapidamente a dinâmica de uma partida. Reprodução: Cygames

De longe a mudança de sistema mais curiosa de Rising é a adição do chamado Triple Attack que toma o lugar do overhead universal, já que antes os jogadores poderiam usar ataques overhead de forma indiscriminada e agora o overhead universal está atrelado ao auto combo que só pode ser realizado apenas quando se está próximo do adversário.

Qualidade de vida e localização

O primeiro lançamento de Granblue Fantasy Versus foi bem infeliz, sendo um jogo lançado com o infame delay netcode em fevereiro de 2020 e imediatamente após o lançamento delay netcode já não era mais aceitável para um jogo de luta na era da Pandemia. Rising por sua vez, felizmente já consegue corrigir esse erro implementando não só rollback netcode como também crossplay entre todas as plataformas onde está disponível.

Graças a todas essas mudanças vindas com o Rising e também com o fato do jogo possuir uma versão grátis, virtualmente não há mais barreiras para qualquer um que deseja joga-lo e por conta disso acaba se tornando muito fácil achar partidas a qualquer hora do dia e com boas conexões tanto na fila casual quanto em rankeada.

Granblue Fantasy Versus: Rising
Apesar da tradução para português ser prestativa, erros de formatação são frequentes. Reprodução: Cygames

Rising possui tradução para português brasileiro na forma de menus e legendas traduzidas. A tradução em si é bem razoável, mas há problemas de formatação como letras faltando pois a fonte utilizada não acomoda caracteres com acentuação e também algumas situações onde o texto pode acabar vazando das caixas de texto.

Veredito

Granblue Fantasy Versus: Rising é um recomeço para o jogo que se viu em uma saia justa com o inicio da pandemia logo após o seu lançamento. GBVSR agora pode mostrar ao mundo todo o potencial que o jogo tem a oferecer com um combate que a primeira vista pode parecer um pouco travado, mas que com o tempo se mostra ao que veio.

Removendo muitas das barreiras de execução que um novato pode ter dificuldade e oferecendo a parte mais divertida dos jogos de luta que é justamente os mind games entre os jogadores, gerenciamento de recursos e as tomadas de decisão que alteram o curso do jogo, GBVSR é um ótimo exemplo de jogo que consegue simplificar quase todos os principais conceitos de jogos de luta e ainda se manter extremamente divertido.

Granblue Fantasy Versus: Rising já está disponível para PS4, PS5 e PC via Steam.

O jogo também está disponível em uma versão grátis onde todos os jogadores podem desfrutar do modo Grand Bruise além de partidas casuais, ranqueadas, lobby e modo de treinamento com Gran como personagem base liberado e mais 3 personagens em rotação semanal.

*Review realizada no PlayStation 5. Chave para review cedida pela Cygames.

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Localização
Design
critica-granblue-fantasy-versus-rising-prioriza-a-diversaoGranblue Fantasy Versus: Rising é um recomeço para o jogo que se viu em uma saia justa com o inicio da pandemia logo após o seu lançamento. GBVSR agora pode mostrar ao mundo todo o potencial que o jogo tem a oferecer com um combate que a primeira vista pode parecer um pouco travado, mas que com o tempo se mostra ao que veio. Removendo muitas das barreiras de execução que um novato pode ter dificuldade e oferecendo a parte mais divertida dos jogos de luta que é justamente os mind games entre os jogadores, gerenciamento de recursos e as tomadas de decisão que alteram o curso do jogo.