Já existente como um boardgame de cartas colecionáveis (CCG – Collectible Card Game), SolForge Fusion chega agora em sua versão digital para PC (via Steam). O game, desenvolvido por Justin Gary (de Ascension Deckbuilding Game) e Richard Garfield (Magic: the Gathering, KeyForge) e distribuído pela Stone Blade Entertainment, apresenta mecânicas práticas e um visual cru, que foca em sua gameplay. Para os jogadores que quiserem testar o game, ele está com sua demonstração disponível para download.  

Entre os elementos que mais se destacam no game estão suas mecânicas que se mostram interessantes ao trazer elementos já presentes em KeyForge, que também foi criado por  Garfield. Entre estes elementos estão a jogada de criaturas desvinculadas de recursos, a não regeneração das criaturas após o combate e a criação de baralhos a partir de algoritmos randômicos. O elemento randômico poderia trazer incertezas para os baralhos, porém cada carta jogada é melhorada nas jogadas seguintes dentro da mesma partida, o que adiciona um upgrade natural e equilibrado para decks no decorrer do jogo.  

Fusion 4
Reprodução/Stone Blade Entertainment

Ainda sobre suas mecânicas e criação de deck, temos disponíveis quatro classes: Alloyin, Nekrium, Tempys e Uterra. Tal qual Magic, cada uma delas se caracteriza por uma característica mais forte e pode ser misturada com mais um tipo para criar diferentes sinergias. Na gameplay em si temos cinco linhas para jogar as criaturas, sendo que cada linha suporta apenas uma unidade que pode ser descartada para a entrada de uma nova.

Em suas sequências de jogadas surpreende como as ações são realizadas, pois os jogadores colocam suas unidades de forma alternada durante dois turnos para que no quinto turno ocorra o combate. Como é esperado, as cartas entram em combate e as que não tiverem mais vida são destruídas, sendo atingido o jogador quando não há criaturas para a defesa.

A questão visual

Visualmente o game é bastante cru em relação às interações das cartas. Ou seja, temos artes caprichadas para as criaturas e ações, porém o confronto entre as cartas se dá de forma simples e sem muitos efeitos. Não que futuramente novos efeitos visuais e sonoros não possam ser adicionados, mas a escolha inicial mais simplista pode afastar jogadores que curtem cardgames mais pirotécnicos e cheios de cosméticos.

Por mais que pareça ir na contramão do que é lançado atualmente, a escolha parece ser certa para focar na gameplay e favorecer a dinamicidade do jogo. Isso porque muitos cosméticos e efeitos podem tirar o foco da jogabilidade e distrair o jogador em meio a um carnaval de explosões de cartas se batendo e personagens conversando. Além do que o apelo visual escolhido conversa bem com sua versão física, semelhança que é importante manter não só para chamar jogadores que já conhecem o título, mas para transmitir a sensação de que se trata de uma versão digital fidedigna.

SolForge 1
Reprodução/Stone Blade Entertainment

Single player ou multiplayer?

Quando jogos físicos chegam ao digital é comum que a abordagem multijogador seja privilegiada, o que não ocorre em SolForge Fusion. Claro, temos o modo multijogador, onde cada você pode enfrentar seus adversários de forma competitiva. Porém, o game também trouxe uma campanha roguelite que permite a criação do deck e ingresso em uma aventura contra a máquina. Partindo do seu baralho pré-criado, o jogador realiza updates pelo caminho e enfrenta oponentes que exigem estratégias diferenciadas.

A adição da campanha fornece ao jogador uma nova experiência que o desvincula da visão competitiva e o mergulha em uma proposta de adaptação com o avançar das partidas a partir da modificação do seu deck inicial. Essa abordagem pode atingir públicos não tão voltados ao multijogador, além de fornecer para os que buscam melhorar suas estratégias formas diferentes de se adaptar às situações dentro de uma partida de forma mais dinâmica.    

Roguelite map
Reprodução/Stone Blade Entertainment

Colocando as cartas na mesa

A chegada ao mundo digital de boardgames é sempre muito bem vinda e com Solforge Fusion não é diferente. Seu lançamento é uma boa oportunidade para um primeiro contato com o jogo, bem como traz a possibilidade de jogadores que já são experientes vencerem a barreira do físico e jogarem com maior frequência.

Além disso, a sua versão digital acrescenta o modo campanha de forma divertida e desafiadora. Como é característico de um roguelite, permitindo a melhora dentro do seu ciclo de repetição e com uma quantidade considerável de variedades, o que incentiva o jogador a experimentar diferentes updates e sinergia entre os baralhos.

SolForge Fusion 3
Reprodução/Stone Blade Entertainment

Suas mecânicas são práticas e fáceis de aprender, isso claro, conta com a ajuda do tutorial que coloca as regras de forma simplificada e intuitiva. A geração de decks de forma randômica funciona bem e se equilibra com as jogadas, uma vez que as cartas são melhoradas de forma progressiva conforme jogadas na partida. Com visual mais cru, os esforços são totalmente voltados para a gameplay, o que beneficia o game e o torna leve para diferentes configurações de PC.

De forma geral, SolForge Fusion tem potencial para atingir o público fã de cardgames e é uma entrada bastante amigável a este universo. Entretanto, seu visual que beneficia o gênero no qual o jogo se encaixa pode deixar a desejar quando tratamos de jogadores que buscam explosões e interações frenéticas entre as cartas ao realizar suas ações.    

* Chave para análise enviada pela Stone Blade Entertainment

REVER GERAL
Gameplay
Arte
Efeitos
Estratégia
Variedade
Renan Alboy
Editor do Megascópio e apaixonado por quadrinhos e jogos. Mestre em Ciência da Computação e jornalista.
critica-solforge-fusion-migra-para-o-digital-de-forma-crua-e-competenteA chegada ao mundo digital de boardgames é sempre muito bem vinda e com Solforge Fusion não é diferente. Seu lançamento é uma boa oportunidade para um primeiro contato com o jogo, bem como traz a possibilidade de jogadores que já são experientes vencerem a barreira do físico e jogarem com maior frequência. Além disso, a sua versão digital acrescenta o modo campanha de forma divertida e desafiadora.