Final Fantasy XIV: Endwalker é o toque final de uma narrativa de mais de 10 anos que a Square-Enix vem lentamente cozinhando e sempre que o climax de uma grande saga se aproxima, muita empolgação e ansiedade a acompanham.

Após longos 7 meses de espera e antecipação desde o ultimo update em Shadowbringers, Endwalker finalmente está disponível e podemos ver com nossos próprios olhos se ele vai conseguir atingir as altas expectativas que a expansão anterior deixou no coração dos jogadores.

Novos Jobs e atualizações

Todos os 17 Jobs de Shadowbringers tiveram pequenos updates, com novas ferramentas e qualidade de vida. As novas habilidades dão uma boa sensação de upgrade e que cada job está bem mais poderoso e com mais qualidade de vida, mas mantendo a base ainda está bem familiar para quem é veterano. 

As únicas exceções são Monk e Summoner que receberam atenção especial. Monk, que era notoriamente um job complicado, tendo um Rework da sua mecânica principal e agora com mais foco em “liberar” golpes especiais ao invés de manter buffs ativos.

Summoner também era um job com muitas particularidades por conta das invocações e até então nunca pareceu “estar certo”, agora com as mudanças de Endwalker o job se tornou algo totalmente novo e muito mais amigável a qualquer nível de habilidade do jogador.

Os dois novos Jobs, Reaper e Sage, são adições curiosas não por conta de mecânicas específicas ou o quê eles trazem para o metagame, mas sim por quê eles parecem terem sido feitos com o pensamento do quê seria mais divertido de utilizar.

Reaper é um DPS corpo-a-corpo que funciona de modo simples. Cada ataque acumula um recurso X que pode ser utilizado com habilidades especiais, essas habilidades especiais geram o recurso Y que por sua vez torna o reaper em um modo “super poderoso” com acesso às habilidades mais poderosas que o job tem. Reaper também consegue ser bem versátil da sua própria maneira com teleports para movimentação, uma barreira que quando quebrada provê uma pequena cura aos aliados e um buff de dano para todo o grupo.

Sage é um healer, mas também é quase um DPS. Sage atua como um healer focado em escudos e ele pode aplicar escudos no grupo ou em um alvo específico instantaneamente usando a habilidade Eukrasia, além de uma regeneração passiva para o seu parceiro em toda habilidade que causa dano ao inimigo.

Cada escudo quebrado rende um recurso que pode ser gasto em uma habilidade específica de dano além de possuir um arsenal completo de habilidades curativas para as mais diversas situações com regeneração de vida, redução de dano e até um escudo que é reaplicado automaticamente até 5 vezes.

Um parque de diversão

As novas áreas, dungeons, trials e solo duties são espetaculares, FFXIV sempre foi considerado um “parque de diversões” e o jogo nunca falha em trazer novas atrações empolgantes.

As novas áreas são bem diversificadas como Labyrinthos, um vasto laboratório subterrâneo que abriga várias espécies diferentes ou Thavnair, um lugar que é referenciado desde A Realm Reborn e finalmente podemos conhecer. As dungeons e trials também estão mais grandiosas e empolgantes que nunca, apesar de ainda obedecerem o padrão de estrutura já familiar para os veteranos.

As Solo Duties também brilham bastante com grandes momentos de narrativa e world builds através de gameplay, algumas delas tem gimmicks especiais que a tornam algo além de só um cenário de combate e agora com a possibilidade de Solo Duties poderem ser feitos por partes e com checkpoints, virtualmente qualquer evento tem a chance de ser bem mais elaborado e impactante.

Evolução nas técnicas

A trilha sonora de Final Fantasy XIV sempre foi um ponto de destaque, com a flexibilidade das músicas de áreas diferentes sempre sendo únicas de sua própria maneira e também nas músicas especiais que algumas lutas recebem e Endwalker é evidentemente um dos melhores exemplos disso. Final Fantasy XIV aperfeiçoou sua arte ao decorrer dos anos desde ARR e é perceptível toda a experiência, criatividade e talento que a equipe musical por trás como bagagem. 

Endwalker

O mesmo pode ser dito das cutscenes que são constantes durante a campanha principal. Originalmente em FFXIV as cutscenes eram feitas com captura de movimento e desde o ressurgimento do jogo com A Realm Reborn, a equipe de desenvolvimento escolheu por fazer cutscenes mais simples que todas as animações são feitas através de emotes e falas sem nenhum sincronismo labial. 

Em ARR era evidente o quão crua e sem vida eram essas animações, mas hoje conseguimos ver o quanto a equipe de animação evoluiu mesmo dentro dessas limitações e raras são as vezes que temos quebra de imersão por um sincronismo labial meio estranho.

A cinematografia das cutscenes é o grande astro em Endwalker em conjunto com a animação, as composições de cena diversas vezes conseguem transmitir mais do que os diálogos em cena.

Uma narrativa especial

O maior trunfo de FFXIV na minha opinião é o quanto ele funciona bem como um jogo single player apesar de ser um dos maiores, se não o maior, MMORPG atualmente.

Apesar de termos um protagonista mudo que representa o jogador, é muito impressionante como FFXIV se esforça e usa toda as oportunidades que tem para dar ao jogador o sentimento de que ele faz parte integral e ativa da história e não perde em nada para os outros personagens do elenco que são igualmente bem desenvolvidos com dezenas de horas em cena nesse ponto. Endwalker encerra uma saga de 10 anos e nós sentimos o peso disso através do nosso avatar.

Endwalker

A trama da expansão ainda dá tempo para os eventos menores e para os personagens que conhecemos ao decorrer da jornada, como o povo de Thavnair e Garlemald que se torna parte central da narrativa diversas vezes, o jogo não tem pressa de concluir a história mesmo que às vezes isso tire a urgência da reta final.

Endwalker não só encerra a história da saga de Hydealyn e Zoadiark, como vai além e amarra todas as pontas soltas na história de FFXIV, até mesmo aquelas apresentadas apenas como linhas de diálogo e através das séries de raids que não são essenciais para a campanha principal, criando uma sensação de um final ‘definitivo” de verdade. 

Sofrendo com sucesso

Contudo, desde o lançamento do Early Access da expansão até hoje, o jogo vem sofrendo de longas filas de login que podem durar horas e algumas raras quedas de conexão aleatórias. Infelizmente essa era uma situação previsível já que o jogo se encontrava em uma situação de superpopulação dos servidores após quebrar recordes e mais recordes de assinantes antes do lançamento da expansão.

O pai de FFXIV, Naoki Yoshida, já deixou claro que a única solução para isso seria a compra de mais servidores, mas isso é inviável agora dado a crise na falta de semicondutores que está atingindo todos os setores tecnológicos do mercado. Infelizmente a única solução para isso é tentar acessar o jogo fora dos horários de pico.

Conclusão

Fazer uma Review de Endwalker, o último capítulo em uma saga de mais de uma década, é algo difícil já que qualquer detalhe mencionado pode ser considerado um spoiler tanto para a expansão atual quanto para as anteriores, mas acredite, Final Fantasy XIV merece cada minuto de atenção que pede para a sua história. Dá para sentir quanto a equipe evoluiu dentro das suas limitações e o carinho vai em cada cutscene, nas músicas e também na própria experiência de gameplay

E como todo jogo vivo, ainda há muita coisa a ser adicionada em Endwalker. Novos distritos residências, novas Raids, novo modo PvP, mais história e até um simulador de fazenda. Esse jogo ainda vai nos dar razões para o revisitar regularmente.

Shadowbringers aumentou muito o nível da qualidade que os jogadores esperam e Endwalker não decepcionou em entregar um sucessor digno do seu legado e o último capítulo na história que vai estabelecer Final Fantasy XIV como um dos melhores jogos da série e um exemplo a ser seguido dentro e fora do nicho de MMORPG.

Final Fantasy XIV: Endwalker já está disponível para PC, PS4 e PS5.

Key cedida por: Square Enix

Revisão: Thaís Spierr

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
final-fantasy-xiv-endwalker-criticaEndwalker é um marco na série Final Fantasy, sua narrativa, música e jogabilidade são impecáveis, e é uma experiência amigável para que todos os jogadores queiram aproveitar o jogo da sua própria maneira seja casualmente ou hardcore, seja sozinho ou com um grupo de amigos. Shadowbringers e Endwalker abriram um precedente de um padrão de alta qualidade em todos os departamentos e a equipe de desenvolvimento merece aplausos de pé. O único defeito de Endwalker é que o jogo é tão bom que não tem mais espaço nos servidores.