Antes de iniciar a minha análise sobre Persona 5 Strikers vamos deixar duas coisas claras. Primeiramente, como o objetivo aqui é ajudá-los a tomar uma decisão sobre a compra do jogo, essa análise só irá cobrir as primeiras horas de jogo, portanto não se preocupem com spoilers. E em segundo lugar, minha primeira experiência com a franquia Persona foi a 2 meses atrás com o Persona 5 Royal no qual eu fiquei tão viciado que temo que isso possa afetar a minha parcialidade, mas vou me esforçar para manter o profissionalismo aqui. For real.
A história de Persona 5 Strikers se passa no meio do ano posterior ao que ocorre a grande maioria dos eventos do JRPG da Atlus. Na prática ele é uma sequência da versão original do jogo e portanto os personagens exclusivos do Royal não dão as caras aqui (R.I.P. Yoshizawa).
Os Phantom Thieves, depois de meses separados, resolvem passar as férias de verão juntos. Porém no meio da organização da viagem eles são surpreendidos por uma nova ameaça que os obriga a voltar ao Metaverso.
Um novo aplicativo chamado EMMA (algo como uma assistente Google turbinada) foi desenvolvido e por meio dele pessoas mal intencionadas misteriosamente o utilizam para controlar a mente de seus usuários. Cabe novamente aos Phantom Thieves novamente mudar o coração distorcido daqueles que se aproveitam dos mais fracos.
Dê adeus aos “Palaces” e “Treasures”
Como você provavelmente já sabe, coube à equipe Omega Force (Koei Tecmo), responsável pela franquia Dinasty Warriors, transpor as mecânicas de Persona 5 para o gênero Musou. Os personagens aqui devem invadir as “Jails”, o equivalente de Persona 5 Strikers dos “Palaces”, e para liberar as pessoas dominadas por terem tido seus desejos roubados precisam derrotar o “Monarch” que comanda o lugar.
Confesso. Eu temia que fosse difícil adaptar as mecânicas de batalha de um RPG de turno com tantos detalhes para um modelo de ação, mas no geral, apesar de complexo o combate foi bem adaptado. Inclusive alguns detalhes interessantes foram adicionados como o bom uso do ambiente na batalha. Diversas vezes podemos arremessar itens do cenário nos inimigos.
Talvez para alguns, enfrentar hordas e hordas de inimigos seja repetitivo, mas se você curte o gênero Musou acredito que isso não deve ser um problema.
Sem sair dos trilhos
Mas nem tudo são flores. Minha principal crítica a Persona 5 Strikers é que a série da Atlus se tornou conhecida pela característica de que as decisões, os diálogos e as relações formadas fora das dungeons tem impacto direto na sua jornada dentro delas. Já neste jogo, suas escolhas fora das batalhas tem pouca ou nenhuma influência dentro delas.
Enquanto no jogo original você precisa se esforçar para se aproximar de cada personagem, aqui isso é substituído por um medidor único que mensura a sua relação com todos os personagens, o “Bond”. Para completar boa parte dos eventos que estreitam as relações com os demais, já são obrigatórios de ocorrer na história do jogo e portanto o jogador não tem influência sobre eles.
Nem lá, nem cá
No geral eu gostei do jogo, mas ele parece estar meio perdido no que ele deseja ser. Pra quem não conhece Persona 5, nem de longe esta é uma boa forma de ser introduzido ao jogo. Ele parte do princípio de que você está habituado a algumas coisas que certamente deixariam qualquer novato bem confuso. O caminhão de tutoriais em sequência apresentados logo no início do jogo são a prova disso.
Mas ele também não parece ser para quem gosta da franquia original no momento que ele peca em muito do que fez a série Persona fazer sucesso. Até mesmo a trilha, um dos pontos altos do original, apesar de algumas faixas muito boas, não parece tão inspirada em comparação com o 5.
Persona 5 Strikers só vai atender bem a um público bem específico de fãs sedentos por ver novas histórias dos Phantom Thieves, mas indiferentes para o fato de que seja por meio de um roteiro linear.
Persona 5 Strikers está disponível para Nintendo Switch, PS4 e Steam.