No mês passado, a revista francesa Premiere dedicou 4 páginas à série The Witcher da Netflix. O usuário do Reddit Valibomba gentilmente traduziu as partes das entrevistas pro inglês, e claro, estamos trazendo na íntegra para os seguidores do Megascópio.
As entrevistas contam com falas de Lauren Hissrich (produtora), Henry Cavill (Geralt) e Andrew Laws (Designer de Produção). Eles falam sobre detalhes sobre os sets, valor da produção, além informações mais específicas sobre a opinião da equipe no universo, o que eles pensam dos jogos, Game of Thrones e também como a Netflix escolheu criar a série, artística e comercialmente.
Segue a tradução na íntegra da revista:
The Witcher lança seus feitiços na Netflix
Henry Cavill é o ator principal deste novo programa de TV. É uma adaptação de uma saga literária, que já foi adaptada para videogames. The Witcher parece já ser pura fantasia, ambicioso e espetacular, e gostaria de ter sucesso em Game of Thrones nos corações dos fãs.
Ele não larga da sua peruca cinza. Há algumas semanas atrás, Henry Cavill tornou-se Geralt de Rivia, o herói de The Witcher, passeando em cenários gigantescos localizados em Budapeste, na Hungria.
Eu amo usar esse traje e essa peruca. Eu tive que me acostumar no começo, era um pouco desconfortável, mas depois esqueci completamente! Todas as manhãs, quando a coloco em mim, vou um passo além na incorporação do personagem. Isso me permite entrar no lugar de Geralt. – Henry Cavill
O ex-protagonista da DC trocou sua capa vermelha por uma armadura e uma espada.
Ele sempre fica com a peruca na cabeça… A propósito, é realmente estranho vê-lo com seu cabelos preto agora! – Lauren Hissrich
Lauren Hissrich, criadora da série, que escalou o ator britânico para se tornar o protagonista da mais nova grande produção da Netflix, disponível em algumas semanas. Uma enorme saga de fantasia heróica, contando a história de um caçador de monstros, em um universo medieval e perigoso, povoado por criaturas das trevas, feiticeiras poderosas, princesas em perigo e nobres sem honra.
Esta é a adaptação de uma saga literária, publicada exatamente trinta anos atrás na Polônia. O trabalho só interessava aos fãs de fantasia na época, até o lançamento do videogame em 2007. Foi um enorme sucesso mundial que ofereceu a The Witcher uma nova janela para o mundo.
Uma história, três versões
No entanto, são os livros que a Netflix está adaptando, não os jogos:
Nós não copiamos nada dos jogos, porquea série não é uma adaptação dos jogos, mas dos livros. Além disso, algumas roupas dos jogos não teriam o mesmo efeito na vida real. Então, procuramos por nós mesmos, algo que se encaixe na escrita de Lauren – Tim Aslam (criador do figurino)
A escritora está trabalhando neste projeto há mais de dois anos. Ela admite que não queria fazer uma transposição linear dos cinco romances da saga:
Os livros de Andrzej Sapkowski sempre estarão lá. Os jogos também. Portanto, esta série é a terceira versão desta história. O objetivo, para mim, era recriar a alma dos livros, recriar esses personagens pelos quais me apaixonei, colocando-os em uma nova estrutura coerente, construir uma história que faça sentido. Para criar um trabalho que traga algo mais … – Lauren Hissrich
Para conseguir isso, ela revelou que escreveu uma mistura entre os diferentes romances e os contos.
Nós não imaginávamos nossa série como livro após livro. E isso é emocionante. Temos uma abordagem particular em The Witcher, relativamente inesperada, eu acho. Como o fato de Geralt e Ciri já se conhecerem na primeira temporada … Queríamos dar uma nova olhada nessa história. Todos os amadores ficarão satisfeitos em todos os episódios. – Lauren Hissrich
O ângulo deles sobre a história foi obviamente validado pelo autor, antes de tudo:
Eu conheci Andrzej Sapkowski na Polônia em abril de 2018. É claro que falei sobre minha visão sobre a história dele antes de começar qualquer coisa. Ele está realmente feliz com esta versão e está contente com a história que queremos contar. – Lauren Hissrich
Uma história que já tem milhões de fãs ao redor do mundo. Jogadores apaixonados ou leitores de longa data, todos têm uma opinião precisa sobre o que o programa deve ser.
É sempre bom escrever algo que interessa a muitas pessoas. Mas também lembramos que essa paixão nem sempre é benéfica. Pode ser totalmente oposto à sua visão. Então, eu queria debater, no Twitter, com alguns fãs entre os mais virulentos. – Lauren Hissrich
A produtora jogou a carta de “interatividade permanente” com os fãs online desde o início da produção. Porque a aceitação dos fãs será um fator decisivo no sucesso ou fracasso de The Witcher. Todo mundo sabe disso no set. Mas é inútil angustiar:
Tento não me pressionar na minha carreira. Eu tento não dar muita importância a isso, principalmente porque se eu me preocupar muito com o que as pessoas pensam disso, isso pode ter consequências na minha atuação como ator. E porque Geralt é alguém que realmente não sente a pressão … – Henry Cavill
Não é nenhum bicho de sete cabeças
A estrela não se preocupa. Henry tem total confiança em sua personificação do bruxo. Um papel que ele esperava, esperançoso, como fã do videogame.
Descobri os jogos, depois descobri os livros, e o universo de The Witcher instantaneamente significou algo para mim. Eu sempre pensava em interpretar Geralt. Quando a oportunidade apareceu, não deixei a chance passar por mim. Eu pedi ao meu agente para me fazer conhecer Lauren o mais rápido possível … Eu nem precisava me preparar para o papel. Porque eu respiro, vivo esse universo todos os dias. Eu já tive inúmeras oportunidades de pensar sobre esse personagem enquanto jogava. Minha preparação já foi feita antes do início do elenco! – Henry Cavill
A série terá o desafio de conquistar a todos, não só os fãs da saga. Terá de atrair pessoas que desejam uma nova era de fantasia, logo após o final do GoT.
Não somos o primo pobre de Game of Thrones e Senhor dos Anéis. E nem uma cópia. The Witcher tem seu próprio universo, mesmo que alguns elementos sejam similares aos trabalhos mencionados, mas é por causa do gênero [de fantasia]. – Andrew Laws (designer de produção)
Ele admite, no entanto, que essas grandes produções anteriores abriram portas.
Eles permitiram ao público entender os mundos da fantasia, imaginar universos. Não era o caso antes. Hoje, eles sabem ler nas entrelinhas, para que possamos insinuar, sem necessariamente mostrar tudo … mesmo se não houvesse falta de orçamento! A Netflix nos deu muito! Realizamos algumas sequências enormes. Conseguimos dar a nosso série um valor de produção digno de cinema. – Andrew Laws
Em The Witcher, haverá ação intensa e onipresente. E, como em Game of Thrones, a violência também:
A série é brutal de muitas maneiras, mas não há violência gráfica permanente. Nada é gratuito no que mostramos. No entanto, não temos medo de falar sobre temas adultos, como nos livros. Racismo, sexismo, violência moral e física. Claramente, não é um show para crianças! – Lauren Hissrich
Outro ponto importante, não se trata de dar a essa adaptação uma atmosfera numérica falsa. Os produtores fizeram de tudo para evitar o CGI (efeitos gráficos), tanto quanto possível.
Pessoalmente, não quero ver o ator interpretando na frente de uma tela verde, conversando com uma bola verde. Queríamos algo real, mesmo durante as sequências de luta. Hoje em dia, o público sabe quando é CGI e isso pode desconectar alguns dos observadores da narrativa. E o problema é que, se você criar um excelente CGI em uma cena, precisará manter o mesmo nível de qualidade para todas as outras… – Andrew Laws
Era importante para a série manter um estilo autêntico. Um excelente videogame já existe, e eu claramente não queria que nosso programa se parecesse com ele [o jogo]. – Lauren Hissrich
Em cenários maravilhosos, o mais real possível, dezenas de figurantes de armadura estão passeando. Mais de mil fantasias foram criadas para eles, além de cerca de 200 fantasias desenhadas para os personagens. No teto, enormes lustres com dois metros de diâmetro para iluminar uma sala do trono.
Como deveria ser para um cenário medieval… Esses lustres requerem 99 velas cada. Acendemos uma centena de velas por dia.
O suficiente para iluminar a Netflix em sua busca para tornar The Witcher um sucesso de fantasia?