A revista americana Entertainment Weekly trouxe uma entrevista exclusiva com Lauren Hissrich, produtora da série de The Witcher na Netflix! Durante a conversa, Lauren fala sobre como havia inicialmente rejeitado Henry Cavill como Geralt, a controvérsias do elenco, comparações com Game of Thrones e indicações de um enredo misterioso.
Para aqueles que ainda não conhecem, a nova série da Netflix – The Witcher – é baseada na série de livros polonesa de Andrzej Sapwkowiski, traduzida no Brasil pela editor WMF Martins Fontes. Os livros também inspiraram uma série de Jogos, que não tem envolvimento com a produção da Netflix.
Agora, seguimos para a entrevista!
ENTERTAINMENT WEEKLY: Então, o que te deixa mais empolgada nesse projeto?
LAUREN HISSRICH: Eu amo muito a ideia de pegar essa série de livros que os fãs já ama e trazê-la para uma nova audiência. É muito divertido explorar o que acontece entre as páginas dos livros. Os livros exploram os eventos durante um grande período de tempo, mas também há uma história que eles pulam – Yennefer, por exemplo, tem muitos momentos que definem a vida dela e nós só os vemos em flashbacks. Precisamos explorar [esses eventos] em tempo real. É empolgante pegar o trabalho de Andrzej e trazê-lo à vida.
Como The Witcher acabou chegando no seu radar? Você já conhecia [The Witcher] antes ou você acabou tendo que estudar depois de ser contactada para fazer a série?
Um pouco dos dois. Eu tinha lido “O Último Desejo” e amado. Mas eu nunca me chamaria de “autora de fantasia” antes disso. Eu já fiz séries baseadas em quadrinhos, fiz muitas séries de drama. Então quando eu li o livro eu adorei, mas nunca pensei que eu o adaptaria. Quando a Netflix me contactou eu reli os contos e comecei a pensar no que eu poderia trazer para a mesa. Esses três personagens – Geralt, Yennefer e Ciri – vieram à tona. Se você tirar todos os elementos de fantasia do caminho, se tirar a magia e história e violência e sexo do caminho, você ainda acaba com três personagens que formam essa família quebrada, que realmente precisam um do outro, embora não admitam. E esse foi uma das coisas mais atrativas para mim.
Existem os livros, os contos e os jogos – muita história em potencial por aí. Qual o foco da primeira temporada?
Nós não estamos adaptando os jogos, é uma adaptação direta dos livros. O que é ótimo, já que o jogos já são uma adaptação dos livros. Eles foram em uma direção, e nós podemos ir em outra. Estamos mantendo muito segredo sobre o que estamos fazendo na primeira temporada. Tem muita coisa obviamente épica que começa na saga de livros. Mas os contos nos dão muito material para criar o mundo e fazer a fundação do Continente e a política dele, e entender as pessoas que terão foco na primeira temporada.
Tem um vilão de cara? Ou esse é um assunto secreto?
Não é um assunto secreto. Não há de fato um vilão. Uma das coisas que estamos curtindo é explorar os tons de cinza dos livros. Os personagens que você torce no começo podem não ser os mesmo que você vai torcer no final. E os personagens que você odeia e parecem absolutamente do mal podem ser motivados por algo que é extremamente compreensível e humano e emocional. Eu descobri ao escrever, e depois ao assistir, que as suas lealdades mudam muito. Você constantemente tenta se coloca no lugar dos personagens e pensar no que você faria naquela situação. Acho que você acabará sentindo muita empatia por personagens que você não esperava.
Conseguir escalar Henry Cavil – logo depois de Missão Impossível: Fallout e Superman – foi um grande feito. Como isso aconteceu?
Henry é um grande fã da saga. Ele leu todos os livros. Ele jogou todos os games. Eu encontrei com ele bem no começo do processo. Ele disse “Adoraria interpretar esse personagem”. Eu disse “”Henry, você é incrível, mas nem começamos o processo de escalação ainda””. Então eu conheci outros 207 possíveis Geralts. E eu voltei ao Henry no fim. Ele foi minha primeira reunião e quatro meses depois eu chamei ele e perguntei se ele ainda estava interessado, e estava. A primeira vez que o encontrei eu não tinha nem escrito os scripts ainda. E quando eu comecei a escrever, não conseguia tirar a voz do Henry da minha cabeça ao escrever o personagem. Olhando pro produto final, é muito empolgante. Ele incorpora Geralt de um jeito que eu acho que ninguém mais conseguiria.
Você já começou a responder isso na pergunta anterior, mas como ele é no papel?
Nos livros, Geralt é muito quieto, até certo ponto. Ele tende a absorver o que está ao seu redor e processa isso internamente. Mas não tem como ter o personagem principal de uma série processando tudo internamente. Então, no primeiro episódio, eu escrevi Geralt com muitas falas. O Henry filmou todas, mas na parte da edição começamos a cortar várias delas. O Henry traz uma espécia de legenda pro personagem, encontrando ressonância emocional em pequenos momentos, e interpreta isso de um jeito sutil que você entende pelo quê o personagem está passando sem haver muito diálogo. Quando chegamos no episódio 8 – o final da primeira temporada – nós nem filmamos metade dos diálogos, pois sabíamos que o que Henry conseguia fazer com Geralt não precisava de muitas palavras.
Percebi que no vídeo de teste colocado no Twitter Geralt não tinha olhos amarelos. Será adicionado na pós-produção? Ou vocês vão deixar isso de lado?
Ele com certeza terá muitas coisas que os fãs mais amam dos livros. Acho que todo mundo ficará impressionado com sua aparência.
E escalar Ciri? Obviamente, teve muita controvérsia online sobre esse papel.
Acredito que sempre que você está escolhendo atores, e você está escalando para algo que já tem muitos fãs pre-existentes, vocês ouvirá muitas opiniões se isso se encaixa ou não com a visão dos fãs. Essa franquia tem milhões de fãs. Eu sabia que nós não conseguiríamos deixar todo mundo feliz. Como você sabe, por causa da controvérsia, nós vimos todas as opções possíveis para esse papel. Quando encontramos Freya, fizemos a oferta no mesmo dia. Ela é incrivelmente especial. Ela é jovem, porém tem a alma e maturidade de alguém muito mais velho. Ela foi capaz de trazer profundidade a essa personagem. Quando Freya está em cena com Henry, eles estão no mesmo nível.
Acredito que vocês tenham uma vibe mais leve do que, digamos, Game of Thrones? Ou é uma presunção incorreta?
É uma presunção bem incorreta! Eu estive re-assistindo algumas partes e meus filhos foram proibidos de olhar para a tela depois que um deles se esgueirou atrás de mim e viu algo que não devia e o deixou muito assustado. É uma série muito madura. Devo acrescentar um fato muito importante pra mim, que sexo e violência guia a história e não está na série só pra chocar. Acho que a audiência é muito esperta e sabe quando estamos fazendo coisas só pra chocar, em contraste com algo que leva a história pra frente.
O que The Witcher traz de único para o gênero de fantasia?
Os monstros e aspecto de terror. Isso já foi feito ocasionalmente em série de fantasia, mas na maioria das vezes fica em segundo plano pra magia. Geralt é um caçados de monstros, então desde o começo falamos sobre como a série mostraria esses monstros e os humanos com os quais eles interagem. Acho que as pessoas ficarão surpresas com quantos monstros conseguimos incluir e em como eles são integrais para a história. Realmente parece que com as histórias dos monstros viram analogias para os eventos que estão acontecendo no mundo agora, em diferentes fení´menos políticos.
E tenho certeza que os fãs se perguntam sobre quando podemos esperar um trailer?
Não posso dizer. Obviamente, as coisas estão engrenando e mal posso esperar para que os fãs vejam algo, então espero que em breve.
E aqui acaba a entrevista! O que acharam das declarações da produtora Lauren Hissrich? Fiquem ligados no Megascópio!