No episódio de hoje da Loja das Feiticeiras (disponível em múltiplas plataformas) comentamos sobre os contos de fadas que podem ter inspirado os contos de The Witcher escrito por Andrzej Sapkowski. Um dos mais surpreendentes foi a história dinamarquesa “The Princess in the Chest“, também conhecida como “The Princess in the Coffin“. O conto foi compilado por Andrew Lang em 1897 na obra The Pink Fairy Book, mas não encontramos tradução do conto. Logo, decidimos trazer uma tradução não oficial para vocês aqui no Mega! Confira agora a tradução de “A Princesa no Caixão”.
A Princesa no Caixão
Era uma vez um rei que desejava muito um filho, mas sua rainha não conseguia engravidar. Um dia ele disse a ela que se ela não tivesse um bebê em um ano, ele a deixaria. Desesperada, ela pediu conselho a uma velha sábia, que disse que ela deveria comer um botão de um arbusto especial e ela teria uma filha. Mas haveria uma condição: a velha lhe daria uma babá, que deveria criar a menina sem que ninguém mais a visse até os quatorze anos.
A rainha fez o que ela disse, mas quando faltava um dia para completar os quatorze anos, o rei foi vê-la. A princesa disse ao pai: “Agora eu morrerei, e você terá que escolher entre uma peste, uma guerra longa e sangrenta, ou colocar meu corpo em um caixão de madeira com alguém para vigiá-lo todas as noites durante um ano.” O rei não acreditou no que a menina falou, mas escolheu o caixão. Na manhã seguinte, ela estava morta.
Ele fez o que ela ordenou, mas todas as noites um novo guarda precisava ser escolhido, pois as sentinelas estavam desaparecendo. Logo, a história era que o fantasma da princesa comeu quem quer que fosse, e os soldados desertaram em vez de assumir o dever. O rei começou a oferecer recompensas cada vez maiores, mas ninguém nunca sobreviveu a noite para receber.
Até que um ferreiro chamado Christian veio à capital em busca de trabalho. Um dia ele ficou extremamente bêbado e os soldados do rei o convenceram de aceitar ser sentinela da princesa. Quando ficou sóbrio, Christian tentou fugir, mas um homenzinho misterioso apareceu e o impediu, dando um conselho: “Ao chegar na capela, vá até o púlpito e fique lá até a tampa do caixão bater.” Ele subiu ao púlpito e, à meia-noite, a princesa saiu e uivou. Ela o viu no púlpito, mas não conseguiu pegá-lo. Finalmente, ela teve que voltar para o caixão.
No dia seguinte, o rei deu-lhe uma recompensa e uma boa refeição, onde ele novamente bebeu muito. O rei ofereceu duas vezes o ouro, e Christian concordou em ficar na noite seguinte também. Mas novamente ele tentou fugir ao ficar sóbrio, e o homenzinho o deteve novamente, dizendo-lhe: “Nesta noite, fique na frente do altar e segure o livro de orações ali.” A princesa correu para o púlpito naquela noite; quando não o encontrou, gritou que a guerra e a pestilência começariam, mas então o viu no altar e não conseguiu alcançá-lo, tendo que voltar para o caixão. Christian observou que ela estava menos feia naquela noite do que na anterior.
No terceiro dia, o rei voltou a oferecer mais dinheiro para o serviço. Christian, novamente bêbado, aceitou – mas apenas por metade do reino. E ele tentou escapar novamente ao ficar sóbrio, e novamente o homenzinho o impediu. Desta vez ele disse: “Você deve deitar-se ao lado do caixão e entrar nele assim que ela sair“. Ela saiu à meia-noite, mas não viu quando Christian entrou no caixão. Depois de gritar suas ameaças sobre guerra e pestilência, ela o encontrou no caixão, mas não conseguiu alcançá-lo. Apesar das tentativas dela de ameaçá-lo e persuadi-lo a sair do caixão, ele não se mexeu. Então ela foi embora e uma música suave veio. Christian ouviu uma missa de ação de graças sendo rezada na capela.
Ao amanhecer, ele saiu do caixão e encontrou a princesa viva. Ela disse a ele que a maldição foi quebrada e se ele concordasse, eles se casariam. Do contrário, ela iria para um convento e ele nunca poderia se casar com outra enquanto ela vivesse, pois a missa que ele ouviu foi uma cerimônia de casamento dos mortos. Christian concordou em se casar. O rei consentiu e cumpriu sua promessa de dar a Cristhian metade de seu reino, eventualmente herdando todo o seu reino com a morte do rei.
E assim termina o conto “A Princesa no Caixão”. Contos parecidos com este são, de acordo com os estudiosos, mais comumente coletados entre as populações do Leste Europeu. O tipo de conto também está presente no folclore ucraniano, com o título “A Princesa Ressuscitando do Túmulo”.