Várias entrevistas estão saindo agora que o embargo da série de The Witcher acabou. Nossos parceiros da Redanian Intelligence trouxeram os melhores comentários da revista SciFiNow, que o Megascópio traduziu na íntegra pra vocês.
A paixão da showrunner
Lauren Hissrich, showrunner da série, fala o que chamou a atenção dela na saga de The Witcher.
A primeira coisa foi que, para uma fantasia, The Witcher não é completamente sério. Não se trata de grandes batalhas, grandes caçadas, grandes lutas e dinastias subindo e descendo. Existem elementos disso, mas o que eu achei mais atraente nos livros são as histórias humanas que estão sendo contadas. A relação entre os personagens, especificamente Geralt, Yennefer e Ciri. Eu sempre disse que a história que eu estava interessada em contar era uma família desestruturada se unindo e depois uma família desagregada se desintegrando novamente. Como as pessoas fazem. – disse Lauren.
Em suas palavras, o que faz desse gênero acessível é que as séries de fantasia costumam ser uma alegoria para o mundo real. Acima de tudo, ela espera que The Witcher seja uma história fascinante que evita fazer as pessoas se sentirem “constantemente espancadas com lições de política”.
Uma coisa legal que gostamos de fazer é quebrar as expectativas. Então, às vezes, você pensa: ‘Ah, obviamente eu sei como essa série abordará esse problema’, mas espero que o abordemos de uma maneira completamente diferente e que as pessoas de ambos os lados de qualquer debate questionem por que estão “desse lado” e talvez simpatizar com as pessoas “do outro lado”. Ninguém quer sentar depois de um dia duro de trabalho e assistir a um pântano político deprimente. Mas o que fazemos é apresentar esses temas de uma maneira divertida, e espero que as pessoas questionem suas crenças ou, pelo menos, vejam o que está acontecendo fora de suas crenças. – LH
The Witcher garante um mundo fantástico
A atriz Freya Allan, que interpreta Ciri, acrescenta rapidamente que não irão fugir dos elementos fantásticos na série.
Eu diria que o escapismo é uma coisa enorme. Tem um cenário incrível, é um continente tão colorido, tem tantos lugares legais, tem tantos elementos, tem monstros, tem mágica, tem muita aventura, tem luta, tem todos esses elementos fantásticos brilhantes, mas também tem alguns temas reais: perda, desejo de família, descoberta, muitas coisas que também se relacionam com o mundo normal. Eu acho que realmente existe algo para todo mundo, e é provavelmente por isso que muitas pessoas são viciadas nisso, há muito para se viciar. – Freya Allan
A consequência prática dessa abordagem é que a série de The Witcher se concentra em estabelecer um mundo realista e fundamentado, tanto quanto possível.
Obviamente, há esses são monstros que não existem no mundo real, então usamos muitas próteses e tentamos manter as coisas baseadas em efeitos práticos, para usar um ator em uma prótese em vez de toda uma criação de efeitos gráficos. Se Geralt está lutando com um monstro, prefiro que ele lute com algo real do que com um grande espaço vazio na frente de uma tela verde. – Lauren Hissrich
Isso não quer dizer que não haverá CGI na série. Os envolvidos garantem um misto de elementos autênticos e alta tecnologia.
As filmagens foram feitas em diversos locais. Um castelo incrível na Polônia, na Áustria e na maioria dos estúdios de gravação localizados na Hungria, tendo a maior parte da série de The Witcher filmada nos estúdios e nos arredores.
Adaptando um mundo tão rico
Quando a série de The Witcher foi anunciada em 2017, uma das maiores perguntas que os fãs tinham era onde a história começaria. As histórias de Andrzej Sapkowski sobre Geralt de Rivia abrangem um total de oito livros: duas coleções de contos, cinco romances e um prólogo, situados entre os contos.
A resposta de Hissrich foi que ela voltará às raízes, começando pelos contos. Mesmo assim, não sabemos completamente qual conteúdo será lançado na primeira temporada:
Eu e os escritores não escolhemos apenas minhas histórias favoritas, embora eu tenha escolhido algumas das minhas favoritas, mas as histórias que pensamos que melhor ilustravam o que é The Witcher. – LH
E é assim que começamos. Geralt tem quase 100 anos quando a série começa e nós o encontramos no meio de uma jornada. Depois, há a morte de uma personagem e é isso que o lança em sua jornada, e isso começa a complicar as coisas para um homem que pensou que já tinha tudo planejado. É um lugar muito divertido para começar, é realmente um personagem à beira de uma nova jornada. – LH
O trio central
Com Geralt em um curso, onde isso deixa os outros personagens? Embora reconheça que a série se chama The Witcher, Hissrich deixou claro desde o início que Ciri e Yennefer terão seus próprios holofotes:
A maior mudança que fiz dos livros é que eu queria que Ciri e Yennefer andassem um pouco mais com as próprias pernas. Nos livros, elas são apresentadas através das lentes de Geralt, através de seu ponto de vista, e era importante para mim que nosso público conhecesse as duas individualmente primeiro, as visse criando suas próprias jornadas e depois os cruzassem [com Geralt] e vissem o que acontece. Então essa foi uma das maiores mudanças que eu fiz, mas foi, para mim, a oportunidade mais emocionante, porque eu também achei essas personagens realmente atraentes. – LH
Para Ciri, essa jornada será emocional. Isso levará a princesa jovem e protegida até os limites, mas também serve como teste para as muitas provações que virão.
O que eu amei e pude ver imediatamente, mesmo no processo de audição, é que ela foi escrita de forma realista. Atualmente, vemos muitas personagens femininas muito fortes que são realmente duronas e isso é brilhante. Obviamente, Ciri é conhecida por ser uma personagem durona, mas o que eu mais amei na maneira como eles a retrataram na escrita é que não é como se ela tivesse acabado de nascer e ela é essa incrível personagem durona. Você a vê muito vulnerável e chora, passa por sofrimento e experimenta perda e, às vezes, é um pouco patética, porque ela não experimentou certas coisas na vida. – Freya Allan
Uma abordagem realista
Isso de destacou para mim, que eles estavam retratando Ciri de forma realista. Você precisa de um lugar para o personagem crescer e precisa de um motivo para ele se tornar mais confiante, mais durona. Você vê que ela é muito forte por causa de sua vulnerabilidade. O fato de ela ser tão vulnerável e sofrer, e ainda assim continuar e que, para mim, é bravura. Ela não precisa ser totalmente fria e severa, ser violenta e matar pessoas. É um tipo diferente de força que eu realmente gosto. – Freya Allan
Yennefer, por outro lado, é uma personagem de reputação quase mítica no momento em que a encontramos pela primeira vez nos livros. Uma feiticeira muito experiente e poderosa, mas também um pouco solitária, que prefere fazer as coisas do seu jeito. No show, o arco de Yennefer vai durar muito mais tempo, trazendo-nos vislumbres de seu passado que só foram mencionados antes.
Você ouve partes sobre o passado dela nos livros, geralmente é dito em uma observação direta: “Aqui está uma coisa que aconteceu comigo quando criança.” Então, uma das coisas que eu fiz desde o início, examinei todos os livros e encontrei todas as lembranças dela sobre o passado dela e, em seguida, criamos uma história na sala dos escritores que nos permitia passar um tempo com Yennefer quando ela era apenas uma criança, enquanto ela se tornava a pessoa que conhecemos, amamos e vemos na livros. Então ela começa em um lugar muito vulnerável, ela é uma personagem que experimentou muita dor em sua vida e então vemos como ela transcende essa dor e cresce com ela e fortalece sua determinação neste mundo, e eu acho que é realmente uma ótima origem para ela. – diz Lauren
Lidando com os fãs
O envolvimento com o público tem sido importante para Hissrich desde o início:
Eu amo interagir com os fãs; provavelmente um pouco demais para o gosto de todos por aqui. Não há nada mais que eu amo do que entrar no Twitter e conversar diretamente com a base de fãs. Realmente queria ver o entusiasmo deles. Acho que muitas pessoas vêem fãs realmente raivosos como inimigos e, na verdade, eu acho que essas são as pessoas que amam The Witcher, essas são as pessoas que eu realmente quero pegar seu entusiasmo e aumentar e aprender com seu entusiasmo. Eu não acho isso muito massante, acho realmente emocionante. – LH
Ela acrescentou que, embora seja ótimo poder dizer e mostrar quase tudo, criadores e contadores de histórias têm uma responsabilidade perante o público para garantir que essas coisas avancem a trama e os personagens. Não haverá choque, violência ou sexo apenas por ter:
Quero dizer, o público está realmente mais experiente agora, há muito na televisão e nos serviços de streaming que eles podem ver e eu não sei se eles querem mais ficar chocados. Eu acho que eles veriam essa manobra e realmente querem boas histórias. Então, se as histórias envolvem violência, sangue, nudez ou sexo, ótimo, mas não vou fazer isso acontecer apenas por diversão. Acho que, como criadores, temos uma responsabilidade com nosso público para garantir que não estamos apenas tentando chocá-los. Estamos tentando garantir que eles estejam comprando uma boa história. – LH
A primeira temporada de The Witcher chegará na Netflix em 20 de dezembro. Fique ligado no Megascópio para obter mais cobertura à medida que contamos os dias. Enquanto isso, confira mais uma entrevista no nosso canal com Lauren Hissrich e Freya Allan: