Em nova entrevista para a uproxx.com, Lauren Hissrich – showrunner de The Witcher na Netflix – fala sobre as expectativas da série, suas experiências e dá um gostinho sobre a segunda temporada. Confira a tradução na íntegra:
Por onde começar?
Há muito material para trabalhar, desde os livros até os jogos. Como showrunner, você teve um momento de “ah merda” depois de iniciar esse projeto?
As palavras “ah merda” definitivamente vieram muito à cabeça. É uma infinidade de conteúdo, certo? Então, o grande estresse foi descobrir por onde começar: em qual livro começar, em quais personagens focar. Obviamente, não queria chatear os fãs existentes da franquia. Eles são grandes defensores da série. Quero que eles adorem assistr, mas também precisamos divulgá-la para que as pessoas novas possam entrar e entender o que está acontecendo.
Portanto foi muito interessante encontrar o lugar certo para começar, e é por isso que, depois de assistir aos cinco primeiros episódios, você vê que fazemos algumas coisas divertidas com o tempo. Nós pulamos entre as linhas do tempo porque eu realmente queria envolver os espectadores em vários pontos de vista desde o início.
CSI: Rívia
As várias missões de Geralt são um grande atrativo para os fãs, e você encontrou uma maneira interessante de inseri-las na história maior. Parece que podemos chamá-los de “episódios de séries policias” em um mundo de fantasia. Estaríamos certos?
Bem, sim e não. Eu amo o que você disse sobre série policiais, porque na verdade é algo sobre o qual conversamos muito na sala dos roteiristas.
Sério?
Eu não estou brincando. Conversamos muito sobre o tom da série, e o fato é que The Witcher não é apenas uma coisa. Hesito em dizer isso porque, quando você começa a dizer “ah, tem algo para todos”, parece que estamos diluindo o material. Não poderia estar mais longe da verdade. Existem contos que parecem um mistério, contos que parecem horror ou aventuras épicas ou romances. Há tantas coisas diferentes envolvidas neste mundo. Então, era importante para nós ter certeza de que representávamos tudo isso e é importante para mim como showrunner, que os escritores que estavam escrevendo os episódios também escrevessem com suas próprias vozes.
Uma das coisas que eu incentivei foi que os escritores realmente pegassem seu assunto e focassem nele. Se parecia mais uma história de suspense, eu queria que eles se inclinassem para isso. Se o conto do episódio em que Geralt e Yennifer se encontram parece comédia romântica, faça isso. Eu queria que os escritores fossem realmente capazes de detalhar seus episódios e torná-los responsáveis por eles. Foi assim que escrevemos a temporada inteira. O resultado final é mundo de The Witcher completo, mas os episódios poderiam ser suas próprias histórias. Como espectador, é exatamente assim que eu quero assistir.
A dedicação de Cavill
Sei que Henry Cavill é um grande fã desta série. Quão comprometido ele estava em incorporar Geralt e trazê-lo à vida?
Totalmente comprometido. Henry era um grande fã dos jogos e jogou todos eles. Quando ele descobriu que a Netflix estava fazendo uma série, ele saiu e comprou todos os livros também. Então, uma das coisas que eu mais amava em Henry era sua paixão. Quero dizer, ele está tão empolgado com este mundo e essa paixão se traduz em como ele personifica Geralt. Ele faz todos as acrobacias. Ele não tem um dublê ou substituto. Toda vez que você vê Geralt na tela, mesmo que seja apenas a mão ou o ombro dele, é Henry Cavill. Ele quer estar lá representando esse personagem.
Ouvi dizer que ele até dormia naquelas calças de couro.
Sim. Acho que ele ocasionalmente dormia de armadura, preparava café da manhã de armadura. Ele realmente queria que ela se encaixasse em seu corpo da mesma forma que alguém que a usasse por 30 anos.
As Senhoras do Destino
Uma das maiores mudanças dos livros para tela foi como você lidou com a introdução de personagens como Yennifer e Ciri. Por que os fãs as conhecem imediatamente no show?
Obrigado por perguntar isso, porque esta é uma das principais mudanças que fiz nos livros. Nos livros, você acompanha Geralt nos dois primeiros livros, O Último Desejo e Senhora do Destino. Você conhece Yennefer e Ciri, mas as encontra através das lentes dele. Para mim, como escritora e até mesmo como espectadora, eu queria conhecer Yennefer e Ciri e permitir que elas se tornassem indivíduas totalmente formadas, com histórias de fundo, camadas e vidas próprias.
E então eu queria cruzá-las com Geralt. Eu queria ver como eles mudaram um ao outro uma vez que se cruzassam. Eu queria ver como eles se empurravam em direções diferentes ou o que eles trouxeram uns nos outros. E para mim, você tinha que ter uma base para todos os três personagens, não apenas Geralt, mas todos os três. Você tinha que ter a mesma base sólida construída, para ver essas mudanças uma vez que eles se encontrassem.
Falando sobre a Yennefer, ela pode ser a personagem mais interessante desta série e ela parece ser uma verdadeira anti-heroína. É difícil decidir se ela é boa, má ou se está em algum lugar intermediário. Quanto você focou na caracterização dela?
Os vilões normalmente não se consideram maus. Isso não é o Austin Powers, você entende o que eu quero dizer? Eles não são o Dr. Evil. Eu realmente queria ter personagens que tivessem tons de cinza. Uma das coisas que eu mais amo pessoalmente em Yennefer é que ela está realmente aprendendo o que é poder. Toda a sua jornada é sobre tentar obter mais poder. O que ela deve começar a aprender é que essa coisa pela qual ela continua se esforçando não a completa. Ela está tentando preencher um vazio em si mesma que não pode ser preenchido ficando poderosa. Isso a coloca em uma jornada. Do que mais ela precisa? O que ela está procurando? E eu acho que é um ótimo lugar para colocar um personagem.
Além disso, Yennefer realmente usa seu corpo. Ela é dona de sua sexualidade. É algo que, como mulher, era importante para mim ter um personagem que pudesse ser sexual, mas que pudesse ser sexual para seus próprios propósitos, não para o objetivo da visão masculina ou das lentes masculinas.
Diferentes tipos de ação
Esta é uma fantasia medieval, o que significa lutas com espadas e algumas das cenas de batalha já foram comparadas com Game of Thrones. Sem pressão. Quanto foi necessário para elaborar a ação desta série?
Começamos com Henry porque ele queria fazer todas as suas próprias lutas. Primeiro tivemos que criar um estilo de luta para Geralt, e depois garantir que Henry conseguisse fazê-lo. Ele é um lutador incrível, então as lutas são coreografadas em torno de sua capacidade. Então deixamos nosso coordenador de acrobacias, nossos designers de ação e nossos diretores realmente se apropriarem dessas lutas para encaixá-las no tom de seu episódio. Então, tem lutas que parecem centralizar muito mais o coração e depois lutas que são realmente apenas sobre espadas e sangue.
Agora, finalmente, a pergunta mais importante: deveríamos esperar cenas com um unicórnio empalhado?
[Risos] É engraçado, na segunda temporada, conversamos muito sobre o unicórnio empalhado. Vou deixar assim.
The Witcher estreia na Netflix dia 20 de dezembro. Continue acompanhando todas as notícias no Megascópio!